O campo progressista começa a semana lamentando uma grande perda, a do padre belga Joseph Comblin, um dos fundadores na Igreja Católica da Teologia da Libertação, por isso mesmo um dos religiosos mais perseguidos nos anos de chumbo da ditadura militar brasileira.
Padre Comblin morreu de um ataque cardíaco, nesse domingo, na comunidade Recanto da Transfiguração, em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador, onde estava hospedado já em tratamento de saúde. Ele enfrentava problemas cardíacos e usava marcapasso.
O religioso belga foi um dos criadores da Teologia da Libertação, o movimento que de meados dos anos 60 a meados dos 80 provocou uma guinada e sacudiu a Igreja Católica no Brasil e em toda a América Latina, levando-a a conferir maior prioridade às questões sociais.
Comblin chegou ao Brasil em 1958 e após trabalhar em Campinas foi para Pernambuco em 1964, com d. Helder Câmara que acabava de ser nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Perseguido pelo regime militar, ele foi detido e deportado, em 1972, ainda no aeroporto de Guararapes, Recife, quando desembarcava de uma viagem à Europa.
Ditadura o deteve e o deportou doAeroporto dos Guararapes
Exilou-se no Chile e quando retornou ao Brasil foi trabalhar com dom José Maria Pires, então bispo de JoãoPessoa. Desde o ano passado, padre Comblin morava na cidade de Barra, na Bahia, com o bispo da diocese, d. Luiz Cappio, conhecido nacionalmente por ter feito greves de fome contra a transposição daságuas do rio São Francisco.
Como disse seu amigo, o padre Eduardo Hoornaert, ao repórter José Maria Mayrink, do Estadão, Comblin foi o maior teólogo da América Latina.
“Perdemos um mestre e um guia inquieto e exigente como os velhos profetas, denunciando sempre nossas incoerências na fidelidade aos preferidos de Deus: o pobre, o órfão, a viúva, o estrangeiro”, completou padre Oscar Beozzo, historiador e teólogo, ex-porta-voz da Arquidiocese de São Paulo.
Fonte: Correio do Brasil
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