quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O perfil das CEBs

A comunidade eclesial de base é uma assembléia de cristãos e cristãs aberta onde se pode experimentar, de forma espontânea e direta, relações pessoais mais livres e autênticas (sem máscaras), mais igualitárias (sem tratamento “VIP” para alguns privilegiados) e mais fraternas (ajuda mútua, “ágape”). Tal experiência é considerada, simultaneamente, como dom gratuito de Deus e fruto da construção humana.

A comunidade eclesial de base é uma assembléia orante e celebrante onde, a partir da meditação lúcida da Palavra Sagrada, as três grandes virtudes do cristianismo – a Fé, a Esperança, o Amor – são constantemente invocadas, renovadas, realimentadas, face aos desencantos cotidianos com a descrença, o desespero, o desamor. Cultiva-se uma atitude básica de gratidão diante da existência.

A comunidade eclesial de base é uma assembléia combativa e engajada nas pequenas lutas locais por melhoria de vida e emancipação que, de alguma forma, estão ligadas às grandes questões humanitárias. Tal diaconia cristã tem como meta final a libertação/redenção do ser humano todo e de todos os seres humanos de tudo que os diminui, desfigura, amarra, escraviza ou vicia.

Nos serviços e na atenção prestados aos demais, os “últimos” devem ocupar o primeiro lugar, aqueles que da sociedade humana recebem menos atenção e cuidados. Aqueles que a sociedade coloca à margem, devem estar no centro das atenções da comunidade cristã. Aqueles que o sistema ora vigente tenta esquecer devem ser constantemente lembrados pelos cristãos. Nisto se expressa a opção profética de Jesus de Nazaré.


Tal promoção humana não consiste, primordialmente, na distribuição gratuita de bens aos necessitados (um fazer pelos pobres que pode acentuar ainda mais a desigualdade social), mas sobretudo na vivência solidária de uma comunidade de destino com os pobres, despertando-lhes o senso de dignidade, capacidade e responsabilidade próprias. Mais importante, em uma comunidade de destino o “dar” e o “receber” mudam constantemente de lugar, o enriquecimento é recíproco, não unilateral. Por isso, a promoção humana não é um apêndice à ou mera conseqüência da evangelização, mas é inerente a ela, uma vez que na comunidade “de irmãos e irmãs” as pessoas se libertam, umas as outras, dos seus papéis sociais prescritos e prefixados.


Carlo Tursi
Coordenação Arquidiocesana das CEBs de Fortaleza

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