O Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte ou de "Belo Monstro”, como também ficou conhecido, enfrentará amanhã uma nova manifestação contrária a sua construção. Após notícias de que o Governo brasileiro liberou a limpeza de uma grande área no coração da Amazônia para dar espaço à construção do canteiro de obras da hidrelétrica, indígenas, ambientalistas e demais populações afetadas decidiram apertar o cerco contra o Governo para exigir que parem Belo Monte.
Brasília, Distrito Federal, será o palco do grande ato contra Belo Monte e as mega-hidrelétricas na Amazônia. A manifestação está marcada para as 9h, no entanto, a concentração começa às 8h em frente ao Congresso Nacional. De acordo com Antonia Melo, coordenadora das mulheres do movimento Xingu Vivo Para Sempre, cerca de 200 pessoas deverão estar amanhã em Brasília para o ato.
No final da manifestação, após as intervenções de artistas, lideranças, indígenas e ambientalistas, um grupo será recebido por um representante da Presidência da República. Na ocasião, será entregue a agenda de reivindicações e as mais de 500 mil assinaturas presentes nas petições contra Belo Monte.
"Também será entregue uma carta direcionada a presidente Dilma em que estará explicada a inviabilidade do projeto, a violação aos direitos da população da Volta Grande do Xingu e das demais populações. Além disso, também vamos reivindicar que a matriz energética seja discutida conosco. A energia não é privatizada e por isso não pode ficar apenas nos gabinetes”, manifestou Antonia.
De acordo com a ativista, ainda é possível reverter a situação de Belo Monte, pois tudo o que foi feito até agora esteve a margem da legalidade. "A sociedade está sendo violada nos seus direitos, mesmo assim o Judiciário faz de conta que nada está acontecendo. Até agora, tudo o que foi realizado é ilegal. As condicionantes não foram cumpridas. Temos o direito de reivindicar o que está na legislação e acreditamos que caminhando na legalidade conseguiremos impedir Belo Monte”.
No dia 26 de janeiro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), liberou uma "Licença de Instalação Específica” que autoriza a construção dos primeiros canteiros e acampamentos da usina de Belo Monte. Um informe liberado pela Ibama dava conta de que a licença permitia ainda que a Norte Energia realizasse obras como a melhoria das estradas de acesso e a terraplanagem. Além disso, estava permitida a "supressão de vegetação de 238 hectares para a implantação do canteiro e acampamento do sítio Belo Monte”.
A nota provocou indignação nas populações afetadas e nos ambientalistas que lutam há mais de 20 anos contra a construção de Belo Monte. A rasteira dada pelo Governo não ficou sem resposta. De imediato, o Ministério Público Federal no Pará foi acionado e entrou em ação declarando que o início das obras é ilegal sem o cumprimento das condicionantes.
Com a mobilização de amanhã, será feita mais uma tentativa de reverter o processo de destruição de, pelo menos, 400.000 hectares da floresta, e a expulsão de mais de 40.000 pessoas, entre indígenas e ribeirinhos, que dependem do rio Xingu para sua sobrevivência.
"Convocamos todos os nossos parceiros e amigos, e todos aqueles que se sensibilizam com a luta dos povos do Xingu, a se juntar a nós, porque, mais que o nosso rio, está em jogo o destino da Amazônia”, manifesta a Convocatória dos movimentos sociais.
Natasha Pitts
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