segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Carta da Segunda Ampliada das CEBs rumo ao 13º Intereclesial

"Os pés dos romeiros são como lápis. Nós pobres, somos de poucas letras. Mas a gente também escreve com os pés. Só que pra ler essa escrita precisa de conhecer os chãos da vida e das estradas duras. E é preciso curtir o couro dos pés. Pezinhos de pele fina não deixam quase nada escrito nos caminhos da vida”. (Depoimento de um romeiro)


Irmãs e irmãos das CEBs do Brasil, Paz e Bem!

Nas terras do sertão do Cariri na cidade do Crato, os 17 regionais da CNBB, assessores, representante do CIMI, equipes de serviço, D. Adriano Ciocca - bispo referencial nacional das CEBs, Dom Fernando Panico, bispo do Crato, fomos acolhidos/as pela Diocese do Crato, anfitriã do 13º Intereclesial para a segunda ampliada das CEBs.

Iniciamos nossa reunião com a celebração do Ofício Divino das Comunidades e apresentação dos regionais, onde constatamos uma imensa alegria pela presença nesta ampliada. Em seguida tivemos uma análise de conjuntura sócio-politico-econômica animada pelo Pe. Manfredo Oliveira. Ele nos propôs 4 pontos: 1) situar o Brasil no mundo hoje; 2) quais os desafios; 3) como saímos das eleições; 4) o nascimento da nova classe média como preocupação para as CEBs. Pe. Manfredo nos alertou que há uma nova configuração do capitalismo rumo ao uma civilização técnico-científica, um novo modo de interpretar a vida e o próprio ser. E ainda que há um agente político novo, o conservadorismo religioso na política. Dessa conversa fica o desafio para nossas comunidades de como, diante dessa nova classe média, surgida dos projetos sociais do governo Lula, pensar um projeto de sociedade que não passe pelo neodesenvolvimentismo e pelo consumismo.

Na segunda parte do primeiro dia ouvimos Ir. Anette que nos falou sobre o tema "Religiosidade Popular e Romarias em Juazeiro do Norte”. Destacou que a romaria é sempre um ato de penitencia que dá sentido ao sofrimento do romeiro. Salientou ainda que a romaria é sempre animada por leigos/as e que os romeiros/as criam sua própria liturgia nos caminhos de Juazeiro. Lembrou que somos a religião do Caminho. Jesus disse: "Eu sou o Caminho”. Neste sentido os romeiros dão continuidade a esta tradição cristã.

Fizemos um trabalho por grande região onde retomamos a análise de conjuntura, estudando também um texto orientador sobre cristianismo de libertação. A plenária mostrou grandes preocupações das CEBs rumo ao 13º: ecumenismo nos intereclesiais, a discussão sobre o mundo urbano, a nova fala profética das CEBs na pós-modernidade, a ausência das bandeiras de luta, a militância político-partidária, a questão de gênero, a pouca presença da juventude nas CEBs, etc.

O segundo dia teve seu início com uma bonita celebração eucarística, onde colocamos no altar do Senhor nossos anseios por um mundo novo e a comunhão entre os diversos regionais na partilha da amizade e do pão eucarístico. Discutimos o texto-base, recolocando-o como um importante instrumento para estudo nas comunidades e campo de pesquisa para estudiosos que se interessam pela nossa caminhada. Vimos o Plano Pastoral da Diocese do Crato, rumo ao Intereclesial e ao centenário da diocese em 2014.

Zé Vicente, poeta popular cujas canções têm embalado nossa caminhada, nos propôs uma reflexão sobre a arte na vida das CEBs. Deixou-nos o desafio de pensar melhor nossas expressões artísticas sejam na culinária, nas canções, nas vestimentas, cartazes, poesias, etc. Ficamos com a questão: porque não criar um centro de acolhida e irradiação dessas diversas expressões artísticas que esteja sob a coordenação da própria organização das CEBs? Escolhemos o cartaz que divulgará o intereclesial em todo o Brasil e América Latina.

Tivemos uma bonita confraternização que expressou a cultura local e muito nos animou. No último dia de nosso encontro, foi alertado sobre a necessidade de continuarmos a discussão sobre a nossa relação com o Conselho Nacional de Leigos. A Ampliada decidiu realizar uma discussão mais aprofundada sobre a sua identidade e papel. Foi proposta a data de 23 a 29/01/12 para a realização do seminário e da 3ª Ampliada, partindo das reflexões feitas nos regionais. Tendo em vista os 100 anos da Diocese de Crato em 20 de outubro de 2014, decidimos mudar a data do 13º Intereclesial para os dias 07 a 11 de janeiro dando início ao ano de celebração do centenário. Solidários/as às vítimas das chuvas em todo o Brasil e em especial com as pessoas da cidade do Crato, que também sofreram com as fortes chuvas caídas durante nosso encontro, nos despedimos na certeza de que o Senhor que é nosso Caminho, continua conosco na caminhada de "Romeiros/as do Reino no campo e na cidade”

Em Crato no Ceará, realizou-se nos dias 27 a 30 de Janeiro 2011, uma grande plenária em preparação ao 13º Intereclesial, que acontecerá em 2014. Contou com a participação de representantes de todo o Brasil .

CALDEIRÃO DAS CEBs É O NOME DA GRANDE PLENÁRIA DO 13º

Durante os últimos Intereclesiais de CEBs a dinâmica vem sendo um dos fatores responsáveis pelo o êxito na transmissão da mensagem do Cristo Libertador. No rol de ações, a inculturação e o ecumenismo são assuntos que permeiam constantemente os encontros das CEBs Brasil a fora. A introdução da vida do povo nas liturgias e no processo organizacional do Intereclesial, vem sendo para a diocese Anfitriã, Crato, um trabalho de profunda dedicação, pois concentram-se em seu entorno a força de uma religiosidade popular, expressa através das romarias, que segundo Irmã Anette, só é compreendida por um olhar apurado do espaço e de espacialidade, que revela algo que não se confunde com alienação religiosa ou com práticas extremamente devocionais e supérfluas.

Foi sobre a compreensão da vertente sociocultural, religiosa e ecumênica que a Ampliada escolheu os nomes dos locais onde acontecerão os momentos de encontros do 13º Intereclesial no Crato. O local da grande plenária será ‘Caldeirão das CEBs’, aludindo a história da Comunidade do Caldeirão do Beato Zé Lourenço. ‘Rancho’ (escolas, ginásios etc.)será o local das mini-plenárias. Rancho é o local onde os romeiros ficam hospedados nos tempos de romarias em Juazeiro. ‘Chapéu’ (salas) foi o nome escolhido para os locais onde pequenos grupos se reunirão para discutirem e trabalharem os assuntos sugeridos durante o encontro.

2° DIA DA AMPLIADA DAS CEBs

A celebração eucarística marcou o inicio das atividades do terceiro dia da Ampliada Nacional das CEBs que está acontecendo na diocese de Crato, Ce. A equipe do secretariado apresentou uma proposta para elaboração do texto base do Intereclesial contendo a metodologia do Ver, Julgar e Agir, sugerindo artigos escritos por várias personalidades relacionadas com os trabalhos das CEBs, contemplando assuntos de grande relevância e de consonância com o tema e o lema do evento.
O cantor e poeta Zé Vicente, no período da tarde dissertou sobre a importância da arte na nas comunidades e apresentou uma proposta de construção de um projeto sobre “Arte nas CEBs”, para ser trabalhado de forma permanente. Trata-se de um conjunto de ações que visam o resgate da memória das CEBs e dinamização das mesmas através da pluralidade artística, a produção de novas músicas, a valorização do artista da caminhada dentre outros pontos.
No final da tarde os membros da Ampliada elegeram o cartaz do 13º Intereclesial e durante a noite participaram da confraternização com comidas típicas, apresentações artísticas culturais e o tradicional forró pé de serra.

AMPLIADA DAS CEBs INCIA COM ANÁLISE DE CONJUNTURA E A MÍSTICA DAS ROMARIAS EM JUAZEIRO

O Centro de Expansão da diocese de Crato no Ceará esta sendo mais uma vez o centro das atenções para as Comunidades Eclesiais de Base do Brasil, em virtude da realização de mais uma Ampliada Nacional de CEBs, que teve inicio ontem , quinta-feira, 27, e se encerrará no próximo domingo, 30.
Ontem pela manhã houve uma análise de conjuntura, feita pelo Padre Manfredo Oliveira, da Arquidiocese de Fortaleza. Na análise, foi destacado pontos norteadores para a compreensão da atual situação do Brasil. “Somos um pais com vários problemas, porém o problema atual de fundo é a relação homem e meio ambiente”, sublinhou Manfredo, que destacou o fenômeno ‘Lulismo’ como uma experiência política de forte ligação com o pobre.
No período da tarde, Irmã Annette Dumollium falou sobre os romeiros e a mística das romarias de Juazeiro do Norte, colocando em sua apresentação depoimentos fortes de expressões de fé dos romeiros.
“A romaria é penitencial, mas não é um sofrimento, é muito leve, não é um sofrimento imposto como a quele que vem do patrão para oprimir o empregado. Ela é uma terapia que dá sentido ao sofrimento", explica Irmã Annette, respostando as indagações sobre a relação da mística das romarias com a teologia da libertação.
As atividades de quinta-feira foram finalizadas na noite com a exibição de um vídeo sobre o Caldeirão do Beato Zé Lourenço.

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