O ex-secretário pessoal do Papa João XXIII, Mons. Loris Capovilla, relatou a história do anúncio da realização do Concílio Vaticano II, e contou, por exemplo, que os meios de comunicação informaram sua realização antes que o Pontífice o fizesse aos cardeais, porque uma Missa de que participava demorou mais que o previsto.
A reportagem está publicada no sítio ACIPrensa, 26-01-2011. A tradução é do Cepat.
A propósito do aniversário 52 do anúncio, o bispo emérito de Loreto (Itália), de 95 anos, relatou a história em um artigo publicado neste dia 25 de janeiro no L’Osservatore Romano.
O prelado recorda que o Secretário de Estado Vaticano daquela época, Cardeal Domenico Tardini, escreveu em sua agenda de 20 de janeiro de 1959 o seguinte: “Audiência importante. Sua santidade, ontem pela tarde refletiu e concretizou o programa de seu pontificado. Idealizou três coisas: Sínodo romano, Concílio ecumênico (Vaticano II) e atualização do Código de Direito Canônico. Quer anunciar estes três pontos no próximo domingo aos senhores cardeais depois da cerimônia de São Paulo”.
Mons. Capovilla acrescenta que naquele domingo 25 de janeiro de 1959 o Papa se levantou e rezou como de costume, mas depois de celebrar a Missa “ficou de joelhos mais que o habitual”.
Não falou muito enquanto ia à Basílica de São Paulo Extramuros e o rito se prolongou mais do que o esperado depois do meio-dia, hora em que terminava o embargo jornalístico para anunciar a convocação do Concílio.
Dessa forma, a menos de três meses de sua eleição como Papa – 28 de outubro de 1958, aos 77 anos –, João XXIII anunciava ao mundo a realização do Concílio, notícia que “foi divulgada pelos meios de comunicação antes que o Pontífice a comunicasse aos cardeais”.
O Papa Bom disse nesse dia aos cardeais da Cúria Romana: “Pronunciamos diante de vocês, trêmulos e com algo de comoção, mas ao mesmo tempo com humildade resolução de propósito, o nome e a proposta de uma dupla celebração: um sínodo diocesano para a cidade e um Concílio Ecumênico para a Igreja Universal”.
O Concílio, explica o ex-secretário pessoal, tinha três diretrizes claras: promover a renovação interior dos católicos, colocar os cristãos diante da realidade da Igreja de Cristo e suas tarefas institucionais; e solicitar aos bispos, com seus sacerdotes e leigos, sentir-se responsáveis colegiadamente pela salvação de todos os homens.
Mons. Capovilla comenta depois que a 52 anos do anúncio do Concílio e a 46 de sua conclusão em 1965, quatro Papas repetiram com frequência que foi “um evento querido por Deus” conduzido por “um velho que rejuvenesceu a Igreja”, quando muitos pensavam que João XXIII seria um “Pontífice de transição”.
Para este bispo emérito “se o Vaticano II não alcançou as metas fixadas ou não as conseguiu, isso significa que nossa conversão é uma tarefa ainda por cumprir”. Graças a João XXIII, disse Mons. Capovilla referindo-se a alguns documentos do Concílio Vaticano II, “hoje sabemos, melhor que ontem, quem somos e para onde vamos (Lumen Gentium), que idioma devemos falar e que mensagem devemos difundir (Dei Verbum), como e com que intensidade rezar (Sacrosanctum Concilium); que atitude assumir diante dos problemas e dramas da humanidade contemporânea (Gaudium et Spes). “São os quatro pilares que sustentam o edifício da renovada teologia pastoral e alentam a escutar a voz de Deus, a dirigir-se a Deus como filhos, e obrigam a dialogar com todos os compromissos da família humana”, conclui.
Fonte: IHU - UNISINOS
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