“O mérito de Lula foi ter posto a questão da desigualdade na pauta política brasileira. Mas ainda falta muito há ser feito”, opina o professor e mestre em Sociologia, Jessé Jose Freire de Souza. Recentemente ele finalizou uma pesquisa intitulada Os batalhadores brasileiros e, na última semana, concedeu entrevista à IHU On-Line sobre Ralés, batalhadores e uma nova classe média.
Para Jessé, o impacto do governo Lula sobre as classes populares se deve ao fato de seus antecessores terem esquecido essas camadas. “O pouco que foi feito por Lula já provocou uma enorme grita geral contra os programas sociais.” De acordo com o professor, é difícil se pensar em uma sociedade “má” no sentido de maldade na cultura ocidental que é o da “indiferença à dor e ao sofrimento alheio. “A tradução política é a falta de responsabilidade social. E isso tudo acreditando piamente que se é uma sociedade humana, boa e generosa como quer o nosso mito nacional. Como se vê, o desafio ainda é enorme.”
Essa maldade da qual fala Jessé fica clara no acompanhamento extasiado da sociedade brasileira pela ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. “O sonho inconfessado das classes do privilégio no Brasil é a matança generalizada dos pobres, delinquentes ou não. São eles que evitam que a classe média possa se orgulhar do Brasil.” E completa: “O fato da nossa polícia ter a ‘licença para matar’ é, na realidade, uma espécie de ‘política pública implícita’. Se em qualquer catástrofe morre apenas pobres não existe qualquer comoção nacional verdadeira. Tem que morrer ‘gente’ de verdade, ou seja, da classe média pelo menos, para que isso ocorra.”
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