quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Espiritualidade das CEBs


1. Espiritualidade bíblica – alicerçada na leitura “comprometida” da Palavra de

Deus, a partir da realidade e ligada à vida, aos problemas, lutas e esperanças

dos pobres e excluídos, inserida nas questões sociais e políticas que afetam a

sua vida, na partilha da palavra, encostando a Bíblia na vida das pessoas/do

povo. As palavras e a prática de Jesus que se colocou entre os excluídos do seu

tempo fazendo-os sujeitos da transformação alimenta a “Espiritualidade do

compromisso e de fidelidade”.

2. Espiritualidade profética – porque profundamente bíblica é radicalmente

profética, que não admite a injustiça, a opressão, a exclusão dos pequenos, das

minorias, por isso corajosamente denunciadora de tudo que constitui o antireino

e anunciadora do novo mundo possível, do reino da vida abundante

partilhada para todos. Ao longo da história do povo de Deus sempre

apareceram pessoas corajosas, fiéis a Deus e por isso apaixonadas pela vida

(profetas). Tinham uma visão clara do passado, do presente e do futuro e

levantavam a voz para, em nome de Deus, denunciar e apontar caminhos

novos.

3. Espiritualidade libertadora e transformadora – porque bíblico-profética é

absolutamente libertadora de todas as formas de injustiça institucionalizada,

das práticas do projeto de morte do sistema neoliberal centrado no lucro

máximo a qualquer preço. O povo de Deus vivia na escravidão do Egito, mas

cheio de fé se organizou e saiu apressadamente para uma Terra Prometida,

terra “onde corre leite e mel”. “Eu vi a aflição do povo, eu escutei os

clamores...”

4. Espiritualidade integradora: Fé e Vida, leitura da Bíblia e realidade, que

traz a vida para dentro da reza, da celebração da Palavra e da Eucaristia, que

ilumina a vida e abre para o compromisso libertador com os excluídos, com a

natureza e com o cosmo inteiro.

5. Espiritualidade ecumênica, dialogal, inter-religiosa, que respeita,

reconhece e valoriza outras formas ou expressões de fé, de religiosidade, de

culto a Deus, que acredita e aceita que Deus opera a salvação e a libertação

por outros caminhos e outras formas de expressão da fé e de fidelidade ao

Deus da vida. Uma espiritualidade acolhedora e sempre atenta e aberta às

infinitas manifestações do Espírito, “que sopra onde quer” (Jo 3,8ss).

6. Espiritualidade martirial, do testemunho de fidelidade incondicional ao

projeto do Reino, que leva ao martírio: de cultivo da memória dos mártires da

caminhada que anima e encoraja em meio às ameaças e perseguições na

concretização do Projeto do Reino. A espiritualidade própria das CEBs surge da

Bíblia e da experiência de Deus feita pelos santos e santas, padroeiros e

padroeiras, profetas e profetizas do povo que testemunharam pelo martírio sua

fidelidade ao Reino.

7. Espiritualidade da comum-união, da comum-unidade e do compromisso

sócio-transformador, que conduz à luta solidária pela justiça e pela cidadania

de todos. Conduz à participação “democrática” e “compromisso “libertador”, na

comunidade eclesial e na sociedade.

Brasília, 06 de julho de 2008

Ir. Renato

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