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A gente vive numa das muitas “áreas de sacrifício” do dito desenvolvimento.
Trata-se de dobraduras escondidas, onde o progresso acumula seus impactos menos elegantes...
Podem ser lixões, favelas que explodem por conta do êxodo rural em massa, bairros poluídos encostados nas usinas, onde máquinas e pessoas competem pelo acesso à água e ao ar...
Sabemos e sentimos que é esse o lugar dos missionários, enviados no meio dos pobres para fazer experiência e dar eco às contradições da história.
Deus nasce menino, às periferias do Império romano, e renasce pequeno às margens desse ‘des-envolvimento’ desenfreado.
Deus pequeno, isto é, preocupado para com os ritmos lentos e resistentes de nossa gente: as famílias camponesas, as mulheres que coletam e trabalham os frutos da floresta, os pequenos produtores que a cada dia vendem suas mercadorias... esses são os pastores de hoje, aos quais é dada a boa-nova: uma criança nasceu PARA VOCÊS!
A igreja no Brasil, apesar de muitos limites, compreendeu o segredo do Natal que a cada ano se repete. Por isso, não põe o acento somente num nascimento especial, mas pela CF que está por vir aponta a todo o processo de criação que Deus colocou em nossas mãos e que Jesus nos desafia a renovar.
Enquanto o ‘des-envolvimento’ corre sem freios pelas linhas verticais da extração e exportação de recursos, a vida continua em círculos concêntricos e redes horizontais de relações, garantidas pelas comunidades em seus territórios e individualidades.
Celebrar o Natal, assim, significa acreditar teimosamente que Deus nasce onde ninguém sabe, longe dos holofotes e grandes projetos, nas comunidades ameaçadas pela concentração de terra, nas cooperativas que tentam reinventar a pequena produção, nas escolas-famílias agrícolas, nas festas populares de bairro ou na celebração anual da colheita.
A nova criação já começou, precisamos defendê-la e espalhar suas sementes em todos os campos. Nunca como hoje se faz necessário renascer do alto... para o baixo.
Pe. Dario Bossi
Missionário Comboniano em Açailândia, MA
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