sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Novo Bartolomeu de Las Casas

Zurich, histórica e calma, deu voz à alma de um grande lutador. O majestoso auditório da "Aula", na Universidade, cuja unidade técnica é referencia no mundo, acolheu D. Erwin, para homenagear as lutas dos que neste ano receberam o premio Nobel Alternativo. Na sua introdução, um decano da universidade, fez referencia ao bispo D. Erwin como grande lutador pela causa dos povos da Amazônia, especial dos povos indígenas, como um novo Bartolomeu de Las Casas.

Descontraído e eloqüente, o bispo do Xingu e presidente do Cimi, optou por uma dinâmica de menos formal e convencional. Numa espécie de bate papo com um interlocutor, foi expondo seus pensamentos, sentimentos e lutas pela vida, a partir de sua fé e mística, sem temor, apesar das ameaças de morte.

Ao discorrer sobre as agressões e violências contra os povos e a natureza, destacou a situação do povo Kaiowá Guarani, no Mato Grosso do Sul, que qualificou como a pior situação de um povo indígena, que ele conheceu. Visitou algumas comunidades desse povo em março deste ano. Disse à ilustre platéia, de mais de 300 pessoas, que não era possível assistirmos no século 21 a continuidade de genocídios iniciados há mais de quinhentos anos, quando os primeiros europeus chegaram ao continente americano.


Também narrou os principais embates hoje, como a questão da construção da hidrelétrica de Belo Monte. Fez menção das mentiras propagandeadas e escondidas nos discursos oficiais, orquestradas em favor das grandes empreiteiras, a quem, sobremaneira, interessam essas obras "faranônicas e apocalípticas".


Foi longamente aplaudido. Com perspicácia e humor, com simplicidade profunda, D. Erewin trouxe uma importante contribuição para aqueles que estão buscando um construir um outro mundo, que superem os atuais modelos econômicos e políticos que estão levando a humanidade ao precipício. Que o "bem viver" inunde o mundo, a partir dos Andes, chegando aos Alpes.

Y Po’i e a resistência Guarani

Para hoje está prometida a chegada de comida e assistência médica a esse pequeno grupo de indígenas Kaiowá Guarani, que se tornou emblemática na resistência heróica desse povo, na luta pelo seus tekoha, terra tradicional. Finalmente começa a se fazer justiça a essa comunidade, ainda a procura do corpo de um de seus professores. Oxalá o presente de Natal para eles e as demais comunidades em confinamento ou acampamentos à beira das estradas, seja a publicação do relatório de identificação de suas terras.

Na maratona da equipe integrada por um Kaiowá Guarani, e representantes da FIAN Brasil, Repórter Brasil e Cimi, estamos hoje encerrando nossos trabalhos de quase duas semanas por quatro países da Europa, com duas dezenas de atividades, como a visita a Embaixadas Brasileiras, Parlamento Europeu. Comissões de Direitos Humanos de vários países, seminários, debates, entrevistas coletivas à imprensa e muita conversa. Levamos muita informação sobre a atual situação e lutas do povo Kaiowá Guarani e os crescentes impactos e violências do atual modelo do agronegócio e da produção do etanol sobre as comunidades indígenas. Recebemos inúmeras manifestações de solidariedade, carinho, compreensão e compromisso por onde fomos passando.

Gostaríamos de externar nossa gratidão a todos os que possibilitaram mais esse espaço de luta pelos direitos do povo Kaiowá Guarani, da natureza maltratada, de uma civilização em profunda crise, em busca de novos rumos para a humanidade.

Na última atividade, com um grupo de interessados na causa ,em Berna, muita simpatia, comedoria e um ambiente com direito a bandeira do Brasil e Nossa Senhora Aparecida.




Egon Heck - Cimi MS
Anastacio Peralta - Kaiowá Guarani
Verena Glass - Repórter Brasil
Jonia Rogrigues - FIAN Brasil

Zurich, 10 de dezembro de 2010

DIA DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

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