PRINCÍPIOS BÁSICOS DE UMA TEOLOGIA DO PLURALISMO RELIGIOSO!
Princípios de base para uma teologia do pluralismo religioso
Gilmar Zampieri
No próximo dia 8 de fevereiro de 2011, o Fórum Mundial de Teologia e Libertação irá celebrar, dentro do Fórum Social Mundial, em Dakar, no Senegal, uma oficina sobre "Religiões e Paz: A visão/teologia necessária para tornar possível uma Aliança de Civilizações e de Religiões para o bem comum da humanidade e a vida no planeta". A organização da oficina é da Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo - ASETT/EATWOT.
Para facilitar a participação e o debate, a EATWOT disponibilizou as conferências resumidas de vários especialistas que serão apresentadas sobre a temática proposta na oficina do ano que bem.
O sítio do IHU, em suas Notícias do Dia, está disponibilizando as principais conferências a respeito da temática.
Publicamos hoje a reflexão do abade Léon Diouf, padre diocesano da Arquidiocese de Dakar, no Senegal, sobre os princípios básicos para uma teologia do pluralismo religioso. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Princípios de base para uma teologia do pluralismo religioso, para uma Aliança de Civilizações e de Religiões e o bem comum da humanidade e da vida no planeta
Verdadeiramente, não há nada mais absoluto do que a vontade salvífica universal de Deus.
O pluralismo religioso não é apenas de fato, mas de princípio.
O contexto atual ou paradigma de reflexão para a teologia é o paradigma pluralista.
É importante reconhecer a complementariedade mútua das tradições religiosas, pela qual, de uma interação dinâmica entre duas tradições religiosas, resulta um enriquecimento recíproco.
A plenitude escatológica do Reino de Deus é a realização final comum de todas as religiões. Uma tal perspectiva da teologia do pluralismo religioso é inseparável de um autêntico diálogo inter-religioso.
Dado que Deus vai ao encontro de todos os povos de múltiplas formas (cf. Hb 1,1-2), todas as religiões são verdadeiras. Podemos considerar que toda oração autêntica é suscitada pelo Espírito, que está misteriosamente presente em todo ser humano.
As religiões são também obras humanas e culturais.
No modelo pluralista (que assim entra em cena), a relação dialógica mantém a polaridade entre as duas categorias fundamentais do pensamento, que são o "eu mesmo" e o "outro", rejeitando fazer de si mesmo o critério do outro e, do outro, o contrário de si mesmo.
No diálogo inter-religioso, o intercâmbio deve ser feito com base na igualdade entre os fiéis das diversas tradições religiosas.
Frente às grandes questões do mundo, como o bem comum da Humanidade e do Planeta, o diálogo inter-religioso coloca os fiéis de diversas tradições religiosas diante desta alternativa: ou solitários ou solidários em seu compromisso.
Em última análise, a irrupção do diálogo no domínio inter-religioso transforma o crente, de partidário de Deus que tem uma doutrina e que observa uma prática religiosa, a companheiro de outros crentes na busca do Absoluto e ao encontro do mundo...
O bem comum da Humanidade e do Planeta se convertem, então, no interesse de todos, não solitários, mas sim solidários.
Todas essas características do diálogo inter-religioso remetem ao paradigma pluralista, cujo estilo de comportamento é a Regra de ouro (Mt 7,12; Lc 6,31), quer se trate de um comportamento para com seus irmãos e irmãs em humanidade, ou, mutatis mutandis, de comportamento com relação ao planeta.
Nenhum país, nenhuma religião, nenhuma civilização escapa hoje ao duplo fenômeno da mundialização-globalização. Desse fenômeno inevitável e irreversível, os riscos serão evitados e suas oportunidades serão aproveitadas na medida em que todos nos esforcemos para respeitar a dignidade humana, em nós mesmos, assim como nos outros, pela promoção do bem comum e o respeito ao destino universal dos bens, pela prática do princípio de subsidiariedade e da participação de todos na coisa pública e pela promoção da solidariedade, que não poderá existir sem a atenção aos mais necessitados.
Para a África em geral, e para o Senegal em particular, a teologia do pluralismo religioso, necessária para uma Aliança de Civilizações e de Religiões para o bem comum da humanidade e do planeta, deve ser também uma teologia africana, isto é, uma teologia consciente de seus desafios para a África.
Abade Léon Diouf
Padre diocesano da Arquidiocese de Dakar, Senegal
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