Na terça-feira, 21 de dezembro, o Senado outorgou pela primeira vez a Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, um prêmio que visa reconhecer e homenagear pessoas que se destacam na luta pelos Direitos Humanos no Brasil.
Recusa do prêmio
O Bispo Emérito de Limoeiro do Norte (CE), Dom Manuel Edmilson da Cruz, usando da palavra, agradeceu pela comenda, porém, explicou que não podia aceitar o prêmio.
“Sinto-me primeiro, perplexo; depois decidido. A condecoração hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior, que foi Dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. [...] Só me resta uma atitude: recusá-la! Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuintes para o bem de todos, com o suor do seu rosto e a dignidade de seu trabalho. É seu direito exigir justiça e eqüidade em se tratando de honorários e de salários. Se é seu direito e eu aceitar [o prêmio], estou procedendo contra os Direitos Humanos. Perderia todo o sentido este momento histórico. O aumento a ser ajustado deveria guardar a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isto não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os Direitos Humanos do nosso povo”.
Interrompendo a resposta do presidente da mesa a sua declaração, acrescentou ainda: “Isso é um grito de um ser humano ferido!”
No momento da solenidade, estudantes universitários realizaram um protesto em frente ao congresso contra o aumento salarial dos parlamentares.
Os nomeados
A Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara será outorgado anualmente a cinco pessoas que se destacam na luta em prol dos direitos humanos no Brasil. Para esta primeira edição, a Comissão de Direitos Humanos do Senado nomeou cinco pessoas, sendo eles:
• Bispo Emérito de São Felix do Araguaia (MT) Dom Pedro Casaldáliga
• Bispo Emérito de Limoeiro do Norte (CE) Dom Manuel Edmilson da Cruz
• Defensor Público do Município de Abaetetuba (PA) Antônio Roberto Figueiredo Cardoso
• Defensor Público da Comarca de Taubaté (SP) Wagner Giron de La Torre
• Deputado Estadual de Rio de Janeiro Marcelo Ribeiro Freixo.
Dom Hélder Câmara
O prêmio, instaurado este ano, leva o nome de Dom Hélder Câmara por sua luta coerente pela justiça e pelos Direitos Humanos, travada em plena ditadura e a pesar de pressão e inúmeras ameaças de vida contra ele.
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