quinta-feira, 29 de abril de 2010

Economia Solidaria

Feira Eco Solidária na Diocese de Caxias do Sul
Fonte: seminarista Marciano Guerra.





Feira Eco Solidária na Diocese de Caxias do Sul
Nos dias 24 e 25 de abril 2010 realizau-se a Feira Eco Solidária, no Santuário Nossa Senhora de Caravaggio, município de Farroupilha, Rio Grande do Sul, Diocese de Caxias do Sul. Esta feira foi uma iniciativa da Cáritas Diocesana e da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho. Segundo a carta aberta lida no encerramento do evento, a Feira se propôs a três grandes objetivos: promover a pessoa humana – sujeito histórico do processo libertador – a partir de uma ação coletiva, visando uma transformação social; estimular que o tema da Campanha da Fraternidade 2010 “Economia e Vida” passe da teoria à prática; dar visibilidade aos empreendimentos de economia solidária, contrapondo uma economia hegemônica, consumista e excludente.
A Feira foi organizada para ser espaço de comercialização, mas também de formação. Os quase 30 Empreendimentos de Economia Solidária que estiveram expondo seus produtos puderam ter contato direto com o consumidor e vender suas produções coletivas. Mais que isso, puderam ajudar a “vender a ideia” de uma outra economia possível, ascentada na solidariedade e na partilha.
Enquando as pessoas circulavam pelos Empreendimentos, houveram palestras com pesquisadores da Economia Solidária e mesas-redonda com a partilha de experiências dos próprios trabalhadores que realizam na prática a Economia Solidária. Também vale destacar a Oficina da Juventude, organizada pela Pastoral da Juventude e que pode apresentar de um modo dinâmico e atraente os problemas de uma economia baseada no lucro e os caminhos possíveis a essa problemática.
A carta aberta termina com a seguinte frase de inspiração: “a economia solidária não pode sozinha eliminar as desigualdades e a exclusão, mas é uma força de mudança possível. Faça acontecer.” Que de fato possamos realizar em todo Brasil esse sonho de uma outra economia.


Carta Aberta da Feira de Economia Solidária
“Estamos construindo o inédito viável”
Paulo Freire
Nos dias 24 e 25 de abril 2010 realizamos a Feira Eco Solidária, no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, no município de Farroupilha, no RS, Diocese de Caxias do Sul. Iniciativa da Cáritas e Escola de Formação Fé Política e Trabalho, a Feira propõe ser um momento de engajamento em uma prática que visa:
- promover a pessoa humana – sujeito histórico do processo libertador – a partir de uma ação coletiva, visando uma transformação social;
- estimular que o tema da Campanha da Fraternidade 2010 “Economia e Vida” passe da teoria à prática;
- dar visibilidade aos empreendimentos de economia solidária, contrapondo uma economia hegemônica, consumista e excludente.
No sistema econômico capitalista, as atividades econômicas são orientadas para o acúmulo, o lucro, o capital. A concepção de desenvolvimento é a do crescimento da economia, medido pelo aumento da produtividade e da produção de riquezas, pela ampliação da capacidade de consumo nas cidades e pela modernização tecnológica, na produção e nos bens de consumo. Esta concepção está em crise, o que por sua vez gera a crise econômica (fruto do capital financeiro especulativo) e a crise ecológica, sinalizada pela escassez e esgotamento da natureza.
Outra economia é possível?
A economia solidária é um jeito de fazer atividade econômica de produção, oferta de serviço, comercialização ou consumo baseado na democracia e na cooperação, o que chamamos de autogestão: ou seja, na economia solidária não existe patrão nem empregados, pois todos os integrantes do empreendimento (associação, cooperativa ou grupo) são ao mesmo tempo trabalhadores e donos.
A economia solidária é um ato pedagógico. O diálogo, a troca de saberes e experiências, tornam as pessoas capazes de construir outra sociedade. “Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la” (Bertold Brecht)
A economia solidária é também um jeito de estar no mundo e de consumir produtos locais, saudáveis, que não afetem o meio ambiente, que não contenham transgênicos e que não sejam de grandes empresas.
É também um movimento que luta pela mudança da sociedade, baseada num modelo de desenvolvimento centrado na pessoa e construído pela população, a partir de valores como solidariedade, democracia, cooperação, preservação ambiental e direitos humanos.
Nesse sentido, nos comprometemos a apoiar iniciativas de fomento e suporte à economia solidária, como:
1. Coleta de assinaturas para apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular, para construir o marco legal para a Política Nacional de Economia Solidária.
2. Construção de mecanismos de viabilização e organização da produção, do comércio justo, consumo consciente e comercialização direta.
3. Criação de políticas públicas de crédito e microcrédito para empreendimentos de economia solidária.
4. Reivindicação de programa de financiamento de microcrédito para empreendimentos solidários com fundos de apoio nos bancos públicos e com recursos do Pré-Sal.
5. Isenção da tributação para produtos industrializados da rede de economia solidária.
6. Programas de incentivo a agricultura familiar ecológica em todos os seus processos, como: formação qualificada de técnicos, troca de experiências, aquisição de insumos, infra-estruturas de produção, armazenamento e comercialização.
A economia solidária não pode sozinha eliminar as desigualdades e a exclusão, mas é uma força de mudança possível. Faça acontecer.
Farroupilha, RS, 25 de abril de 2010.
Os créditos do texto e das Fotos são do seminarista: Marciano Guerra.

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