O 6º Mineiro das CEBs já começou...
O Coordenador de Pastoral considera que 6º Mineiro das CEBs já começou... “Vejo que o Encontro já está acontecendo”. A observação foi do Vigário Episcopal de Pastoral ou Coordenador Arquidiocesano de Pastoral, Pe. Reginaldo Wagner Santos, durante reunião da Coordenação Geral que prepara a estrutura para o 6º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) de Minas Gerais. A reunião foi realizada na noite de 23 de fevereiro de 2010, na sede Comunidade Nova Vida, Centro de Montes Claros. Aproximadamente 20 pessoas estavam presentes a esta convocação.
A Coordenadora da Equipe de Ornamentação do 6º Mineiro das CEBs, Maria Isméria Pinheiro Ezequiel sublinhou que o seu grupo já segue para a terceira reunião, quando se discutem os preparativos do evento, que está marcado para acontecer em MOC de 22 a 25 de julho de 2010 com o tema “Economia e Missão” e lema “Construindo uma Igreja Solidária”. A Equipe de Ornamentação deve andar sempre em sintonia com a Equipe de Acolhida do 6º Mineiro das CEBs, foi outra orientação salientada nesta reunião na Comunidade Nova Vida.
O Casal coordenador da Equipe de Hospedagem, Antônio Jader e Edna Ferreira pesquisaram sobre as CEBs através dos sites www.cnbb.org.br e www.wikipedia.org. Foi sugerido ainda que os responsáveis por esse trabalho visitassem os bairros Delfino Magalhães e Santo Antônio, já que a Casa de Pastoral será palco das discussões do Eixo Eclesial. Com cerca de 50 colaboradores mobilizados, a Equipe de Recepção pediu definição bem clara do que a Equipe Central espera desse grupo, como um relacionamento aberto com a Equipe de Acolhida.
Consciência ambiental
São pensadas 10 pessoas para ajudar a recepcionar os delegados de cada um dos cinco Eixos Temáticos. A Equipe de Recepção solicitou que o material a ser utilizado no evento fosse todo reciclado (crachás, pastas, blocos para anotações, etc) e que haja coleta seletiva nos locais do Encontro. Foi proposto que a história do Norte de Minas e novidades regionais fossem divulgadas pelos meios de comunicação. Informações sobre os hospitais da cidade e o acesso ao transporte público coletivo urbano também entraram como pontos importantes rumo ao 6º Mineiro das CEBs.
Outra indicação se concentrou no esforço para que, nos Eixos Temáticos, exista uma pessoa encarregada de esclarecer os visitantes sobre alguma dúvida a respeito do município e da Arquidiocese. A Equipe de Compras, representada por Francisco José Franco, da Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística, deve se pautar em caminhar harmoniosamente com as equipes de alimentação e cozinha. “Conseguimos casais para ajudar”, afirmou Franco e contou que a cozinha do Exército poderá estar disponível para estruturar o almoço de encerramento do Encontro.
Francisco José Franco pediu esclarecimento sobre a lista de compras, recursos, cardápio e onde as mercadorias ficarão guardadas até a realização do evento. Da Equipe de Animação do 6º Mineiro das CEBs, Maria das Graças Oliveira Carvalho pensa em um instrumento musical para que possa ser distribuído e que seja uma lembrança dessa celebração. Ela informou ainda que está entrando em contato com grupos culturais, como o Grupo Zabelê e a Orquestra de Viola de Minas, para que estes se apresentem na Noite Cultural, marcada para sábado (24).
Liturgia
A Equipe de Liturgia fará a sua terceira reunião no dia 15 de março no salão da Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São José de MOC. Coordenadora da Equipe, Irmã Raimunda Dorilene Pinheiro Pereira, em um desses encontros, apresentou toda a caminhada das CEBs no Brasil, de 1995 a 2009. Já o presidente do Conselho das Comunidades de Vida e Aliança da Arquidiocese de Montes Claros, Fernando Martins Pereira, fundador da Comunidade Nova Vida, lidera os trabalhos da Equipe de Bem-Estar do 6º Mineiro das CEBs.
Ele salientou que, na Arquidiocese de Montes Claros, atuam 13 comunidades de vida e aliança, sendo 11 na cidade-sede desta Igreja Particular e duas em Bocaiuva. “Nos reunimos em um conselho”, explicou e acrescentou que, em cada Eixo, duas comunidades ficarão responsáveis pelo serviço de ordem e limpeza do evento. A Escola Estadual Dona Quita Pereira apoiará as equipes que trabalharão no Eixo Ecológico, cuja sede é a Igreja Matriz da Paróquia São Francisco de Assis (Bairro Edgar Pereira)
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Economia Solidaria
Feira Eco Solidária na Diocese de Caxias do Sul
Fonte: seminarista Marciano Guerra.
Feira Eco Solidária na Diocese de Caxias do Sul
Nos dias 24 e 25 de abril 2010 realizau-se a Feira Eco Solidária, no Santuário Nossa Senhora de Caravaggio, município de Farroupilha, Rio Grande do Sul, Diocese de Caxias do Sul. Esta feira foi uma iniciativa da Cáritas Diocesana e da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho. Segundo a carta aberta lida no encerramento do evento, a Feira se propôs a três grandes objetivos: promover a pessoa humana – sujeito histórico do processo libertador – a partir de uma ação coletiva, visando uma transformação social; estimular que o tema da Campanha da Fraternidade 2010 “Economia e Vida” passe da teoria à prática; dar visibilidade aos empreendimentos de economia solidária, contrapondo uma economia hegemônica, consumista e excludente.
A Feira foi organizada para ser espaço de comercialização, mas também de formação. Os quase 30 Empreendimentos de Economia Solidária que estiveram expondo seus produtos puderam ter contato direto com o consumidor e vender suas produções coletivas. Mais que isso, puderam ajudar a “vender a ideia” de uma outra economia possível, ascentada na solidariedade e na partilha.
Enquando as pessoas circulavam pelos Empreendimentos, houveram palestras com pesquisadores da Economia Solidária e mesas-redonda com a partilha de experiências dos próprios trabalhadores que realizam na prática a Economia Solidária. Também vale destacar a Oficina da Juventude, organizada pela Pastoral da Juventude e que pode apresentar de um modo dinâmico e atraente os problemas de uma economia baseada no lucro e os caminhos possíveis a essa problemática.
A carta aberta termina com a seguinte frase de inspiração: “a economia solidária não pode sozinha eliminar as desigualdades e a exclusão, mas é uma força de mudança possível. Faça acontecer.” Que de fato possamos realizar em todo Brasil esse sonho de uma outra economia.
Carta Aberta da Feira de Economia Solidária
“Estamos construindo o inédito viável”
Paulo Freire
Nos dias 24 e 25 de abril 2010 realizamos a Feira Eco Solidária, no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, no município de Farroupilha, no RS, Diocese de Caxias do Sul. Iniciativa da Cáritas e Escola de Formação Fé Política e Trabalho, a Feira propõe ser um momento de engajamento em uma prática que visa:
- promover a pessoa humana – sujeito histórico do processo libertador – a partir de uma ação coletiva, visando uma transformação social;
- estimular que o tema da Campanha da Fraternidade 2010 “Economia e Vida” passe da teoria à prática;
- dar visibilidade aos empreendimentos de economia solidária, contrapondo uma economia hegemônica, consumista e excludente.
No sistema econômico capitalista, as atividades econômicas são orientadas para o acúmulo, o lucro, o capital. A concepção de desenvolvimento é a do crescimento da economia, medido pelo aumento da produtividade e da produção de riquezas, pela ampliação da capacidade de consumo nas cidades e pela modernização tecnológica, na produção e nos bens de consumo. Esta concepção está em crise, o que por sua vez gera a crise econômica (fruto do capital financeiro especulativo) e a crise ecológica, sinalizada pela escassez e esgotamento da natureza.
Outra economia é possível?
A economia solidária é um jeito de fazer atividade econômica de produção, oferta de serviço, comercialização ou consumo baseado na democracia e na cooperação, o que chamamos de autogestão: ou seja, na economia solidária não existe patrão nem empregados, pois todos os integrantes do empreendimento (associação, cooperativa ou grupo) são ao mesmo tempo trabalhadores e donos.
A economia solidária é um ato pedagógico. O diálogo, a troca de saberes e experiências, tornam as pessoas capazes de construir outra sociedade. “Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la” (Bertold Brecht)
A economia solidária é também um jeito de estar no mundo e de consumir produtos locais, saudáveis, que não afetem o meio ambiente, que não contenham transgênicos e que não sejam de grandes empresas.
É também um movimento que luta pela mudança da sociedade, baseada num modelo de desenvolvimento centrado na pessoa e construído pela população, a partir de valores como solidariedade, democracia, cooperação, preservação ambiental e direitos humanos.
Nesse sentido, nos comprometemos a apoiar iniciativas de fomento e suporte à economia solidária, como:
1. Coleta de assinaturas para apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular, para construir o marco legal para a Política Nacional de Economia Solidária.
2. Construção de mecanismos de viabilização e organização da produção, do comércio justo, consumo consciente e comercialização direta.
3. Criação de políticas públicas de crédito e microcrédito para empreendimentos de economia solidária.
4. Reivindicação de programa de financiamento de microcrédito para empreendimentos solidários com fundos de apoio nos bancos públicos e com recursos do Pré-Sal.
5. Isenção da tributação para produtos industrializados da rede de economia solidária.
6. Programas de incentivo a agricultura familiar ecológica em todos os seus processos, como: formação qualificada de técnicos, troca de experiências, aquisição de insumos, infra-estruturas de produção, armazenamento e comercialização.
A economia solidária não pode sozinha eliminar as desigualdades e a exclusão, mas é uma força de mudança possível. Faça acontecer.
Farroupilha, RS, 25 de abril de 2010.
Os créditos do texto e das Fotos são do seminarista: Marciano Guerra.
Fonte: seminarista Marciano Guerra.
Feira Eco Solidária na Diocese de Caxias do Sul
Nos dias 24 e 25 de abril 2010 realizau-se a Feira Eco Solidária, no Santuário Nossa Senhora de Caravaggio, município de Farroupilha, Rio Grande do Sul, Diocese de Caxias do Sul. Esta feira foi uma iniciativa da Cáritas Diocesana e da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho. Segundo a carta aberta lida no encerramento do evento, a Feira se propôs a três grandes objetivos: promover a pessoa humana – sujeito histórico do processo libertador – a partir de uma ação coletiva, visando uma transformação social; estimular que o tema da Campanha da Fraternidade 2010 “Economia e Vida” passe da teoria à prática; dar visibilidade aos empreendimentos de economia solidária, contrapondo uma economia hegemônica, consumista e excludente.
A Feira foi organizada para ser espaço de comercialização, mas também de formação. Os quase 30 Empreendimentos de Economia Solidária que estiveram expondo seus produtos puderam ter contato direto com o consumidor e vender suas produções coletivas. Mais que isso, puderam ajudar a “vender a ideia” de uma outra economia possível, ascentada na solidariedade e na partilha.
Enquando as pessoas circulavam pelos Empreendimentos, houveram palestras com pesquisadores da Economia Solidária e mesas-redonda com a partilha de experiências dos próprios trabalhadores que realizam na prática a Economia Solidária. Também vale destacar a Oficina da Juventude, organizada pela Pastoral da Juventude e que pode apresentar de um modo dinâmico e atraente os problemas de uma economia baseada no lucro e os caminhos possíveis a essa problemática.
A carta aberta termina com a seguinte frase de inspiração: “a economia solidária não pode sozinha eliminar as desigualdades e a exclusão, mas é uma força de mudança possível. Faça acontecer.” Que de fato possamos realizar em todo Brasil esse sonho de uma outra economia.
Carta Aberta da Feira de Economia Solidária
“Estamos construindo o inédito viável”
Paulo Freire
Nos dias 24 e 25 de abril 2010 realizamos a Feira Eco Solidária, no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, no município de Farroupilha, no RS, Diocese de Caxias do Sul. Iniciativa da Cáritas e Escola de Formação Fé Política e Trabalho, a Feira propõe ser um momento de engajamento em uma prática que visa:
- promover a pessoa humana – sujeito histórico do processo libertador – a partir de uma ação coletiva, visando uma transformação social;
- estimular que o tema da Campanha da Fraternidade 2010 “Economia e Vida” passe da teoria à prática;
- dar visibilidade aos empreendimentos de economia solidária, contrapondo uma economia hegemônica, consumista e excludente.
No sistema econômico capitalista, as atividades econômicas são orientadas para o acúmulo, o lucro, o capital. A concepção de desenvolvimento é a do crescimento da economia, medido pelo aumento da produtividade e da produção de riquezas, pela ampliação da capacidade de consumo nas cidades e pela modernização tecnológica, na produção e nos bens de consumo. Esta concepção está em crise, o que por sua vez gera a crise econômica (fruto do capital financeiro especulativo) e a crise ecológica, sinalizada pela escassez e esgotamento da natureza.
Outra economia é possível?
A economia solidária é um jeito de fazer atividade econômica de produção, oferta de serviço, comercialização ou consumo baseado na democracia e na cooperação, o que chamamos de autogestão: ou seja, na economia solidária não existe patrão nem empregados, pois todos os integrantes do empreendimento (associação, cooperativa ou grupo) são ao mesmo tempo trabalhadores e donos.
A economia solidária é um ato pedagógico. O diálogo, a troca de saberes e experiências, tornam as pessoas capazes de construir outra sociedade. “Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la” (Bertold Brecht)
A economia solidária é também um jeito de estar no mundo e de consumir produtos locais, saudáveis, que não afetem o meio ambiente, que não contenham transgênicos e que não sejam de grandes empresas.
É também um movimento que luta pela mudança da sociedade, baseada num modelo de desenvolvimento centrado na pessoa e construído pela população, a partir de valores como solidariedade, democracia, cooperação, preservação ambiental e direitos humanos.
Nesse sentido, nos comprometemos a apoiar iniciativas de fomento e suporte à economia solidária, como:
1. Coleta de assinaturas para apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular, para construir o marco legal para a Política Nacional de Economia Solidária.
2. Construção de mecanismos de viabilização e organização da produção, do comércio justo, consumo consciente e comercialização direta.
3. Criação de políticas públicas de crédito e microcrédito para empreendimentos de economia solidária.
4. Reivindicação de programa de financiamento de microcrédito para empreendimentos solidários com fundos de apoio nos bancos públicos e com recursos do Pré-Sal.
5. Isenção da tributação para produtos industrializados da rede de economia solidária.
6. Programas de incentivo a agricultura familiar ecológica em todos os seus processos, como: formação qualificada de técnicos, troca de experiências, aquisição de insumos, infra-estruturas de produção, armazenamento e comercialização.
A economia solidária não pode sozinha eliminar as desigualdades e a exclusão, mas é uma força de mudança possível. Faça acontecer.
Farroupilha, RS, 25 de abril de 2010.
Os créditos do texto e das Fotos são do seminarista: Marciano Guerra.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
CEBs - tema prioritario da 48ª Assembleia Geral da CNBB
Cerca de 300 bispos de todo o Brasil participarão da 48ª Assembleia Geral da CNBB para discutir e refletir sobre a Igreja no Brasil e questões ligadas à vida do povo brasileiro. Esta é a segunda vez que Brasília recebe a Assembleia dos Bispos. A primeira foi em 1970.
Durante 36 anos ininterruptos a reunião dos bispos se realizou em Itaici, município de Indaiatuba (SP), exceto no ano 2000 quando se transferiu para Porto Seguro (BA) em virtude das celebrações do 500 anos do Brasil.
A realização da 48ª edição da Assembleia na capital federal foi motivada pelo 16º Congresso Eucarístico Nacional, que se realizará em Brasília, entre os dias 13 e 16 de maio. A partir de 2011, porém, os bispos passarão a se reunir em Aparecida (SP).
Este ano, o tema central da reunião dos bispos é: “Discípulos e servidores da palavra de Deus e a missão da Igreja no mundo”. Já o tema prioritário tratará das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Durante 36 anos ininterruptos a reunião dos bispos se realizou em Itaici, município de Indaiatuba (SP), exceto no ano 2000 quando se transferiu para Porto Seguro (BA) em virtude das celebrações do 500 anos do Brasil.
A realização da 48ª edição da Assembleia na capital federal foi motivada pelo 16º Congresso Eucarístico Nacional, que se realizará em Brasília, entre os dias 13 e 16 de maio. A partir de 2011, porém, os bispos passarão a se reunir em Aparecida (SP).
Este ano, o tema central da reunião dos bispos é: “Discípulos e servidores da palavra de Deus e a missão da Igreja no mundo”. Já o tema prioritário tratará das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
segunda-feira, 26 de abril de 2010
CEBs Alagoas - Marinbondo
O encontro de formação para leigos e leigas das CEBs aconteceu na cidade
de Maribondo, interior de Alagoas nos dia 16, 17 e 18 onde trabalhamos
com os seguintes temas em oficinas
" A TRADIÇÃO LEIGA NA IGREJA DO
BRASILCOLONIA; A IGREJA EM REFORMA;
A RENOVAÇÃO PASTORAL DA IGREJA:
O CONCÍLIO VATICANO II E A CNBB;
A IGREJA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE E
ORIGEM E CAMINHADA DAS CEBs (GENESE).
O encontro contou com a participação de
110 pessoas, tendo como assessor o coordenador diocesano das CEBs Heli Domingos.
Fonte: Jailson
domingo, 25 de abril de 2010
Um missionário no coração do Araguaia
Um missionário no coração do Araguaia
O bispo Leonardo Ulrich Steiner é um franciscano missionário. Nascido em Santa Catarina, há cinco anos é o titular da Prelazia de São Félix do Araguaia, uma das mais respeitadas do mundo por iniciar o combate ao trabalho escravo no Brasil e pela luta contra a ditadura imposta pelo regime militar, quando várias pessoas da comunidade foram presas ou mortas.
Ele substituiu um verdadeiro ícone da Igreja e da cobrança de justiça, dom Pedro Casaldáliga que, nas palavras do intelectual Antonio Callado, é o “único santo vivo”, e para João Pedro Stedile, ideólogo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “ele é o próprio Che (Guevara) vivo”.
Se suceder Casaldáliga já era um desafio, as condições do norte do Mato Grosso exigem que o bispo seja um verdadeiro missionário. E ele está vencendo os dois desafios, tanto que conseguiu, em cinco anos, aumentar de cinco para 18 o número de padres para atender aos pequenos municípios que integram a Prelazia marcada na história pela Guerrilha do Araguaia, na década de 70.
Formado em Teologia, Pedagogia e Filosofia, após a ordenação sacerdotal, Steiner atuou na formação dos seminaristas e religiosos franciscanos durante 18 anos, foi professor nas casas de formação, exerceu a função de Secretário-geral da Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, Itália, onde também foi professor de Filosofia.
“São Felix não é apenas uma cidade. É uma referência, um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana’’
“Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemo-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Jesus Cristo e servimos à nossa igreja’’
O DIÁRIO - Para quem sempre viveu em cidades grandes e bem estruturadas, como Florianópolis, Curitiba e Roma, como foi de uma hora para outra ir parar nos confins do Mato Grosso?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Não é só ir para um lugar distante de quase tudo, mas enfrentar uma realidade muito diferente daquela que eu conhecia. A Prelazia de São Félix do Araguaia tem 170 mil quilômetros quadrados. É maior que o meu Estado, Santa Catarina. As cidades são longe umas da outras e há dificuldades para percorrermos todas as paróquias.
O DIÁRIO - Que tipo de dificuldades?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - As estradas, em sua maioria, não são asfaltadas e há um período do ano que chove todos os dias, o que dificulta a locomoção.
O DIÁRIO - Como o senhor faz para visitar as paróquias?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Geralmente viajo de ônibus.
O DIÁRIO - É uma realidade muito diferente daquela que o senhor conhecia, não é mesmo?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - É uma realidade bastante diferente daquela que temos no Sul. Lá a imigração é muito forte e encontra-se pessoas de todos os lugares, além dos primeiros povos, os indígenas.
O DIÁRIO - Apesar das muitas dificuldades, a Prelazia que o senhor assumiu é a mais respeitada do Brasil, com ação conhecida em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - São Felix não é um nome, não é apenas uma cidade, é uma referência, é um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana. Há 40 anos ela é uma referência no combate ao trabalho escravo, a partir da carta que dom Pedro Casaldáliga escreveu lembrando o tipo de trabalho que era comum no norte do Mato Grosso.
O DIÁRIO - O trabalho escravo ainda acontece na região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ainda é uma realidade, mas não privilégio da região. Hoje aparece mais no Pará, pelo que mostram as estatísticas. Graças a essa iniciativa da Igreja católica, nascida em São Félix, o próprio governo tem procurado combater o trabalho escravo.
O DIÁRIO - A área de sua prelazia ficou marcada também pela Guerrilha do Araguaia durante o período mais duro do regime militar. As marcas daquele período ainda são visíveis?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Temos ainda vários agentes de pastorais do tempo da ditadura, que foram perseguidos, presos. Muitos já faleceram, outros se mudaram para outras regiões para que os filhos pudessem estudar. Mas ainda há vários que continuam conosco, muito animados e muito próximos à vida da Igreja.
O DIÁRIO - Passada a ditadura e com o combate ao trabalho escravo feito pelo governo, o que mantém a Prelazia de São Félix animada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Outra imagem que São Félix ainda transmite ao Brasil hoje é a defesa dos povos indígenas. Ainda há um conflito bastante grande em relação à terra do povo xavante.
O DIÁRIO - Há outras nações indígenas além dos xavantes?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Os outros povos já têm suas terras e estão retomando suas raízes culturais, com cantos e danças, o que dá uma dignidade a esses povos, integrando a realidade brasileira.
O DIÁRIO - Os índios aceitam bem a defesa feita pela Igreja?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eles são parte da Igreja, são todos cristãos e muito presentes. Na semana passada, por exemplo, recebi a visita de um cacique.
O DIÁRIO - A construção da Usina de Belo Monte afetaria sua região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Estamos na divisa com o sul do Pará e a Ilha do Bananal, no Tocantins. Embora a região onde estou seja menos afetada pela construção da usina, também estamos participando dos debates.
O DIÁRIO - Ao ir para São Félix do Araguaia, o senhor aceitou um desafio imposto pela dificuldades da região, mas outro desafio foi substituir dom Pedro Casaldáliga que, por sua luta nos últimos 40 anos, tornou-se um mito, um ícone respeitado em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eu costumo dizer que não fui substituir dom Pedro. Na Igreja, a gente não substitui, a gente vai para servir e ele serviu àquela igreja durante 35 anos e só renunciou por causa da idade. Sua atuação marcou profundamente a vida da prelazia. No tempo da ditadura militar, salvou muitas pessoas e, pode-se dizer, povos.
O DIÁRIO - A imagem dele ainda está muito presente?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ele está presente pessoalmente. Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemos-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e servimos à nossa querida Igreja.
O DIÁRIO - Ela o ajudou na sua chegada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Dom Pedro é uma pessoa muito afável, muito fraterna, um homem de muita oração, de igreja, não houve nenhuma dificuldade de dar continuidade ao trabalho que ele fazia.
O DIÁRIO - Uma das marcas da Prelazia de São Félix foi a força das Comunidades Eclesiais de Base. As CEBs continuam fortes?
Fonte: Diario de Maringa
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Toda comunidade precisa ser renovada, precisa aprofundar sua fé. Não é assim que uma vez animada e bem disposta ela permanece para sempre. Ela tem sua caminhada, chegam membros novos, é uma região de muita mobilidade social, e as comunidades mudam muito. Uma de nossas funções é ajudar que as comunidades continuem vivas. Algumas desapareceram devido à migração, outras apareceram. Nós temos cerca de 40 comunidades que não conhecem dom Pedro porque nasceram quando ele já não podia mais visitá-las.
O DIÁRIO - Por que não podia visitá-las?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ele tem 82 anos e está bastante fragilizado pelo Mal de Parkinson. Ele tem muita força para continuar servindo à Igreja, mas as condições físicas o limitam.
Um missionário no coração do Araguaia
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Luiz de Carvalho
carvalho@odiariomaringa.com.br
Douglas Marçal (Foto: Douglas Marçal )
O bispo Leonardo Ulrich Steiner é um franciscano missionário. Nascido em Santa Catarina, há cinco anos é o titular da Prelazia de São Félix do Araguaia, uma das mais respeitadas do mundo por iniciar o combate ao trabalho escravo no Brasil e pela luta contra a ditadura imposta pelo regime militar, quando várias pessoas da comunidade foram presas ou mortas.
Ele substituiu um verdadeiro ícone da Igreja e da cobrança de justiça, dom Pedro Casaldáliga que, nas palavras do intelectual Antonio Callado, é o “único santo vivo”, e para João Pedro Stedile, ideólogo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “ele é o próprio Che (Guevara) vivo”.
Se suceder Casaldáliga já era um desafio, as condições do norte do Mato Grosso exigem que o bispo seja um verdadeiro missionário. E ele está vencendo os dois desafios, tanto que conseguiu, em cinco anos, aumentar de cinco para 18 o número de padres para atender aos pequenos municípios que integram a Prelazia marcada na história pela Guerrilha do Araguaia, na década de 70.
Formado em Teologia, Pedagogia e Filosofia, após a ordenação sacerdotal, Steiner atuou na formação dos seminaristas e religiosos franciscanos durante 18 anos, foi professor nas casas de formação, exerceu a função de Secretário-geral da Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, Itália, onde também foi professor de Filosofia.
“São Felix não é apenas uma cidade. É uma referência, um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana’’
“Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemo-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Jesus Cristo e servimos à nossa igreja’’
O DIÁRIO - Para quem sempre viveu em cidades grandes e bem estruturadas, como Florianópolis, Curitiba e Roma, como foi de uma hora para outra ir parar nos confins do Mato Grosso?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Não é só ir para um lugar distante de quase tudo, mas enfrentar uma realidade muito diferente daquela que eu conhecia. A Prelazia de São Félix do Araguaia tem 170 mil quilômetros quadrados. É maior que o meu Estado, Santa Catarina. As cidades são longe umas da outras e há dificuldades para percorrermos todas as paróquias.
O DIÁRIO - Que tipo de dificuldades?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - As estradas, em sua maioria, não são asfaltadas e há um período do ano que chove todos os dias, o que dificulta a locomoção.
O DIÁRIO - Como o senhor faz para visitar as paróquias?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Geralmente viajo de ônibus.
O DIÁRIO - É uma realidade muito diferente daquela que o senhor conhecia, não é mesmo?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - É uma realidade bastante diferente daquela que temos no Sul. Lá a imigração é muito forte e encontra-se pessoas de todos os lugares, além dos primeiros povos, os indígenas.
O DIÁRIO - Apesar das muitas dificuldades, a Prelazia que o senhor assumiu é a mais respeitada do Brasil, com ação conhecida em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - São Felix não é um nome, não é apenas uma cidade, é uma referência, é um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana. Há 40 anos ela é uma referência no combate ao trabalho escravo, a partir da carta que dom Pedro Casaldáliga escreveu lembrando o tipo de trabalho que era comum no norte do Mato Grosso.
O DIÁRIO - O trabalho escravo ainda acontece na região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ainda é uma realidade, mas não privilégio da região. Hoje aparece mais no Pará, pelo que mostram as estatísticas. Graças a essa iniciativa da Igreja católica, nascida em São Félix, o próprio governo tem procurado combater o trabalho escravo.
O DIÁRIO - A área de sua prelazia ficou marcada também pela Guerrilha do Araguaia durante o período mais duro do regime militar. As marcas daquele período ainda são visíveis?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Temos ainda vários agentes de pastorais do tempo da ditadura, que foram perseguidos, presos. Muitos já faleceram, outros se mudaram para outras regiões para que os filhos pudessem estudar. Mas ainda há vários que continuam conosco, muito animados e muito próximos à vida da Igreja.
O DIÁRIO - Passada a ditadura e com o combate ao trabalho escravo feito pelo governo, o que mantém a Prelazia de São Félix animada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Outra imagem que São Félix ainda transmite ao Brasil hoje é a defesa dos povos indígenas. Ainda há um conflito bastante grande em relação à terra do povo xavante.
O DIÁRIO - Há outras nações indígenas além dos xavantes?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Os outros povos já têm suas terras e estão retomando suas raízes culturais, com cantos e danças, o que dá uma dignidade a esses povos, integrando a realidade brasileira.
O DIÁRIO - Os índios aceitam bem a defesa feita pela Igreja?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eles são parte da Igreja, são todos cristãos e muito presentes. Na semana passada, por exemplo, recebi a visita de um cacique.
O DIÁRIO - A construção da Usina de Belo Monte afetaria sua região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Estamos na divisa com o sul do Pará e a Ilha do Bananal, no Tocantins. Embora a região onde estou seja menos afetada pela construção da usina, também estamos participando dos debates.
O DIÁRIO - Ao ir para São Félix do Araguaia, o senhor aceitou um desafio imposto pela dificuldades da região, mas outro desafio foi substituir dom Pedro Casaldáliga que, por sua luta nos últimos 40 anos, tornou-se um mito, um ícone respeitado em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eu costumo dizer que não fui substituir dom Pedro. Na Igreja, a gente não substitui, a gente vai para servir e ele serviu àquela igreja durante 35 anos e só renunciou por causa da idade. Sua atuação marcou profundamente a vida da prelazia. No tempo da ditadura militar, salvou muitas pessoas e, pode-se dizer, povos.
O DIÁRIO - A imagem dele ainda está muito presente?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ele está presente pessoalmente. Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemos-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e servimos à nossa querida Igreja.
O DIÁRIO - Ela o ajudou na sua chegada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Dom Pedro é uma pessoa muito afável, muito fraterna, um homem de muita oração, de igreja, não houve nenhuma dificuldade de dar continuidade ao trabalho que ele fazia.
O DIÁRIO - Uma das marcas da Prelazia de São Félix foi a força das Comunidades Eclesiais de Base. As CEBs continuam fortes?
Fonte: Diario de Maringa
Luis de Carvalho
O bispo Leonardo Ulrich Steiner é um franciscano missionário. Nascido em Santa Catarina, há cinco anos é o titular da Prelazia de São Félix do Araguaia, uma das mais respeitadas do mundo por iniciar o combate ao trabalho escravo no Brasil e pela luta contra a ditadura imposta pelo regime militar, quando várias pessoas da comunidade foram presas ou mortas.
Ele substituiu um verdadeiro ícone da Igreja e da cobrança de justiça, dom Pedro Casaldáliga que, nas palavras do intelectual Antonio Callado, é o “único santo vivo”, e para João Pedro Stedile, ideólogo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “ele é o próprio Che (Guevara) vivo”.
Se suceder Casaldáliga já era um desafio, as condições do norte do Mato Grosso exigem que o bispo seja um verdadeiro missionário. E ele está vencendo os dois desafios, tanto que conseguiu, em cinco anos, aumentar de cinco para 18 o número de padres para atender aos pequenos municípios que integram a Prelazia marcada na história pela Guerrilha do Araguaia, na década de 70.
Formado em Teologia, Pedagogia e Filosofia, após a ordenação sacerdotal, Steiner atuou na formação dos seminaristas e religiosos franciscanos durante 18 anos, foi professor nas casas de formação, exerceu a função de Secretário-geral da Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, Itália, onde também foi professor de Filosofia.
“São Felix não é apenas uma cidade. É uma referência, um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana’’
“Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemo-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Jesus Cristo e servimos à nossa igreja’’
O DIÁRIO - Para quem sempre viveu em cidades grandes e bem estruturadas, como Florianópolis, Curitiba e Roma, como foi de uma hora para outra ir parar nos confins do Mato Grosso?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Não é só ir para um lugar distante de quase tudo, mas enfrentar uma realidade muito diferente daquela que eu conhecia. A Prelazia de São Félix do Araguaia tem 170 mil quilômetros quadrados. É maior que o meu Estado, Santa Catarina. As cidades são longe umas da outras e há dificuldades para percorrermos todas as paróquias.
O DIÁRIO - Que tipo de dificuldades?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - As estradas, em sua maioria, não são asfaltadas e há um período do ano que chove todos os dias, o que dificulta a locomoção.
O DIÁRIO - Como o senhor faz para visitar as paróquias?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Geralmente viajo de ônibus.
O DIÁRIO - É uma realidade muito diferente daquela que o senhor conhecia, não é mesmo?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - É uma realidade bastante diferente daquela que temos no Sul. Lá a imigração é muito forte e encontra-se pessoas de todos os lugares, além dos primeiros povos, os indígenas.
O DIÁRIO - Apesar das muitas dificuldades, a Prelazia que o senhor assumiu é a mais respeitada do Brasil, com ação conhecida em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - São Felix não é um nome, não é apenas uma cidade, é uma referência, é um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana. Há 40 anos ela é uma referência no combate ao trabalho escravo, a partir da carta que dom Pedro Casaldáliga escreveu lembrando o tipo de trabalho que era comum no norte do Mato Grosso.
O DIÁRIO - O trabalho escravo ainda acontece na região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ainda é uma realidade, mas não privilégio da região. Hoje aparece mais no Pará, pelo que mostram as estatísticas. Graças a essa iniciativa da Igreja católica, nascida em São Félix, o próprio governo tem procurado combater o trabalho escravo.
O DIÁRIO - A área de sua prelazia ficou marcada também pela Guerrilha do Araguaia durante o período mais duro do regime militar. As marcas daquele período ainda são visíveis?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Temos ainda vários agentes de pastorais do tempo da ditadura, que foram perseguidos, presos. Muitos já faleceram, outros se mudaram para outras regiões para que os filhos pudessem estudar. Mas ainda há vários que continuam conosco, muito animados e muito próximos à vida da Igreja.
O DIÁRIO - Passada a ditadura e com o combate ao trabalho escravo feito pelo governo, o que mantém a Prelazia de São Félix animada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Outra imagem que São Félix ainda transmite ao Brasil hoje é a defesa dos povos indígenas. Ainda há um conflito bastante grande em relação à terra do povo xavante.
O DIÁRIO - Há outras nações indígenas além dos xavantes?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Os outros povos já têm suas terras e estão retomando suas raízes culturais, com cantos e danças, o que dá uma dignidade a esses povos, integrando a realidade brasileira.
O DIÁRIO - Os índios aceitam bem a defesa feita pela Igreja?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eles são parte da Igreja, são todos cristãos e muito presentes. Na semana passada, por exemplo, recebi a visita de um cacique.
O DIÁRIO - A construção da Usina de Belo Monte afetaria sua região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Estamos na divisa com o sul do Pará e a Ilha do Bananal, no Tocantins. Embora a região onde estou seja menos afetada pela construção da usina, também estamos participando dos debates.
O DIÁRIO - Ao ir para São Félix do Araguaia, o senhor aceitou um desafio imposto pela dificuldades da região, mas outro desafio foi substituir dom Pedro Casaldáliga que, por sua luta nos últimos 40 anos, tornou-se um mito, um ícone respeitado em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eu costumo dizer que não fui substituir dom Pedro. Na Igreja, a gente não substitui, a gente vai para servir e ele serviu àquela igreja durante 35 anos e só renunciou por causa da idade. Sua atuação marcou profundamente a vida da prelazia. No tempo da ditadura militar, salvou muitas pessoas e, pode-se dizer, povos.
O DIÁRIO - A imagem dele ainda está muito presente?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ele está presente pessoalmente. Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemos-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e servimos à nossa querida Igreja.
O DIÁRIO - Ela o ajudou na sua chegada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Dom Pedro é uma pessoa muito afável, muito fraterna, um homem de muita oração, de igreja, não houve nenhuma dificuldade de dar continuidade ao trabalho que ele fazia.
O DIÁRIO - Uma das marcas da Prelazia de São Félix foi a força das Comunidades Eclesiais de Base. As CEBs continuam fortes?
Fonte: Diario de Maringa
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Toda comunidade precisa ser renovada, precisa aprofundar sua fé. Não é assim que uma vez animada e bem disposta ela permanece para sempre. Ela tem sua caminhada, chegam membros novos, é uma região de muita mobilidade social, e as comunidades mudam muito. Uma de nossas funções é ajudar que as comunidades continuem vivas. Algumas desapareceram devido à migração, outras apareceram. Nós temos cerca de 40 comunidades que não conhecem dom Pedro porque nasceram quando ele já não podia mais visitá-las.
O DIÁRIO - Por que não podia visitá-las?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ele tem 82 anos e está bastante fragilizado pelo Mal de Parkinson. Ele tem muita força para continuar servindo à Igreja, mas as condições físicas o limitam.
Um missionário no coração do Araguaia
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Luiz de Carvalho
carvalho@odiariomaringa.com.br
Douglas Marçal (Foto: Douglas Marçal )
O bispo Leonardo Ulrich Steiner é um franciscano missionário. Nascido em Santa Catarina, há cinco anos é o titular da Prelazia de São Félix do Araguaia, uma das mais respeitadas do mundo por iniciar o combate ao trabalho escravo no Brasil e pela luta contra a ditadura imposta pelo regime militar, quando várias pessoas da comunidade foram presas ou mortas.
Ele substituiu um verdadeiro ícone da Igreja e da cobrança de justiça, dom Pedro Casaldáliga que, nas palavras do intelectual Antonio Callado, é o “único santo vivo”, e para João Pedro Stedile, ideólogo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “ele é o próprio Che (Guevara) vivo”.
Se suceder Casaldáliga já era um desafio, as condições do norte do Mato Grosso exigem que o bispo seja um verdadeiro missionário. E ele está vencendo os dois desafios, tanto que conseguiu, em cinco anos, aumentar de cinco para 18 o número de padres para atender aos pequenos municípios que integram a Prelazia marcada na história pela Guerrilha do Araguaia, na década de 70.
Formado em Teologia, Pedagogia e Filosofia, após a ordenação sacerdotal, Steiner atuou na formação dos seminaristas e religiosos franciscanos durante 18 anos, foi professor nas casas de formação, exerceu a função de Secretário-geral da Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, Itália, onde também foi professor de Filosofia.
“São Felix não é apenas uma cidade. É uma referência, um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana’’
“Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemo-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Jesus Cristo e servimos à nossa igreja’’
O DIÁRIO - Para quem sempre viveu em cidades grandes e bem estruturadas, como Florianópolis, Curitiba e Roma, como foi de uma hora para outra ir parar nos confins do Mato Grosso?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Não é só ir para um lugar distante de quase tudo, mas enfrentar uma realidade muito diferente daquela que eu conhecia. A Prelazia de São Félix do Araguaia tem 170 mil quilômetros quadrados. É maior que o meu Estado, Santa Catarina. As cidades são longe umas da outras e há dificuldades para percorrermos todas as paróquias.
O DIÁRIO - Que tipo de dificuldades?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - As estradas, em sua maioria, não são asfaltadas e há um período do ano que chove todos os dias, o que dificulta a locomoção.
O DIÁRIO - Como o senhor faz para visitar as paróquias?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Geralmente viajo de ônibus.
O DIÁRIO - É uma realidade muito diferente daquela que o senhor conhecia, não é mesmo?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - É uma realidade bastante diferente daquela que temos no Sul. Lá a imigração é muito forte e encontra-se pessoas de todos os lugares, além dos primeiros povos, os indígenas.
O DIÁRIO - Apesar das muitas dificuldades, a Prelazia que o senhor assumiu é a mais respeitada do Brasil, com ação conhecida em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - São Felix não é um nome, não é apenas uma cidade, é uma referência, é um símbolo do início de uma nova mentalidade e uma tentativa de dar dignidade ao trabalho humano, de defender a pessoa humana. Há 40 anos ela é uma referência no combate ao trabalho escravo, a partir da carta que dom Pedro Casaldáliga escreveu lembrando o tipo de trabalho que era comum no norte do Mato Grosso.
O DIÁRIO - O trabalho escravo ainda acontece na região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ainda é uma realidade, mas não privilégio da região. Hoje aparece mais no Pará, pelo que mostram as estatísticas. Graças a essa iniciativa da Igreja católica, nascida em São Félix, o próprio governo tem procurado combater o trabalho escravo.
O DIÁRIO - A área de sua prelazia ficou marcada também pela Guerrilha do Araguaia durante o período mais duro do regime militar. As marcas daquele período ainda são visíveis?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Temos ainda vários agentes de pastorais do tempo da ditadura, que foram perseguidos, presos. Muitos já faleceram, outros se mudaram para outras regiões para que os filhos pudessem estudar. Mas ainda há vários que continuam conosco, muito animados e muito próximos à vida da Igreja.
O DIÁRIO - Passada a ditadura e com o combate ao trabalho escravo feito pelo governo, o que mantém a Prelazia de São Félix animada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Outra imagem que São Félix ainda transmite ao Brasil hoje é a defesa dos povos indígenas. Ainda há um conflito bastante grande em relação à terra do povo xavante.
O DIÁRIO - Há outras nações indígenas além dos xavantes?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Os outros povos já têm suas terras e estão retomando suas raízes culturais, com cantos e danças, o que dá uma dignidade a esses povos, integrando a realidade brasileira.
O DIÁRIO - Os índios aceitam bem a defesa feita pela Igreja?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eles são parte da Igreja, são todos cristãos e muito presentes. Na semana passada, por exemplo, recebi a visita de um cacique.
O DIÁRIO - A construção da Usina de Belo Monte afetaria sua região?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Estamos na divisa com o sul do Pará e a Ilha do Bananal, no Tocantins. Embora a região onde estou seja menos afetada pela construção da usina, também estamos participando dos debates.
O DIÁRIO - Ao ir para São Félix do Araguaia, o senhor aceitou um desafio imposto pela dificuldades da região, mas outro desafio foi substituir dom Pedro Casaldáliga que, por sua luta nos últimos 40 anos, tornou-se um mito, um ícone respeitado em todo o mundo.
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Eu costumo dizer que não fui substituir dom Pedro. Na Igreja, a gente não substitui, a gente vai para servir e ele serviu àquela igreja durante 35 anos e só renunciou por causa da idade. Sua atuação marcou profundamente a vida da prelazia. No tempo da ditadura militar, salvou muitas pessoas e, pode-se dizer, povos.
O DIÁRIO - A imagem dele ainda está muito presente?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Ele está presente pessoalmente. Dom Pedro e eu vivemos na mesma casa, partilhamos a mesma mesa, fortalecemos-nos na oração, celebramos a Eucaristia, buscamos viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e servimos à nossa querida Igreja.
O DIÁRIO - Ela o ajudou na sua chegada?
DOM LEONARDO ULRICH STEINER - Dom Pedro é uma pessoa muito afável, muito fraterna, um homem de muita oração, de igreja, não houve nenhuma dificuldade de dar continuidade ao trabalho que ele fazia.
O DIÁRIO - Uma das marcas da Prelazia de São Félix foi a força das Comunidades Eclesiais de Base. As CEBs continuam fortes?
Fonte: Diario de Maringa
Luis de Carvalho
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Descarte Correto de Pilhas e Baterias
Descarte Correto de Pilhas e Baterias
CEBs Sorocaba
Nesta Páscoa as CEBs da Arquidiocese de Sorocaba iniciaram um novo trabalho pensando no meio ambiente e levando a frente o compromisso de preservar a Mãe Terra firmado em julho de 2009 durante o 12º Intereclesial das CEBs realizado em Porto Velho, Rondônia.
A partir de agora nossas comunidades estarão recebendo pilhas e baterias usadas para o descarte correto. Todos esses resíduos serão entregues a uma entidade que trabalha de forma adequada esses materiais que se descartados de maneira inadequada podem criar transtornos ao meio ambiente e ao povo.
CEBs Sorocaba
Nesta Páscoa as CEBs da Arquidiocese de Sorocaba iniciaram um novo trabalho pensando no meio ambiente e levando a frente o compromisso de preservar a Mãe Terra firmado em julho de 2009 durante o 12º Intereclesial das CEBs realizado em Porto Velho, Rondônia.
A partir de agora nossas comunidades estarão recebendo pilhas e baterias usadas para o descarte correto. Todos esses resíduos serão entregues a uma entidade que trabalha de forma adequada esses materiais que se descartados de maneira inadequada podem criar transtornos ao meio ambiente e ao povo.
Reciclagem das embalagens Tetra Pack
Continua a reciclagem das embalagens Tetra Pack
CEBs Sorocaba
As CEBs continuam arrecadando embalagens tetra pack para reciclagem e assim continuar a enviar ajuda financeira para o Haiti e o Chile, que começam a reconstrução das cidades atingidas por fortes terremotos no inicio do ano. Continua também a venda dos pacotes de Pão de Queijo congelado dentro da Proposta da Economia Solidária.
Estão participando dos trabalhos pessoas das Comunidades: São Francisco de Assis - Araçoiaba da Serra, São Luiz Scrosoppi - Votorantim, Comunidade Imaculada Conceição e Comunidade Ecumênica Dom Oscar Romero – Sorocaba, e o Clube de Mães dos Cotianos – Piedade.
Ficha Limpa
Via Sacra pela aprovação da Ficha Limpa
CEBs Sorocaba
Mesmo sob forte chuva e com poucas pessoas as CEBs da Arquidiocese de Sorocaba realizaram no dia 29 de março uma Via Sacra no espaço coberto em frente a Câmara dos Vereadores da cidade de Votorantim refletindo o caminho doloroso de Jesus e fazendo um ato pedindo pela Aprovação da PLP 518/09, Projeto Ficha Limpa.
No mês de fevereiro a coordenação enviou uma carta ao Deputado Federal e Presidente da Câmara, Michel Temer, pedindo a rápida aprovação do substitutivo. A votação em plenário estava em pauta para dia 07 de abril, mas foi adiada para o inicio de maio.
Em comunhão com o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e muitos outros organismos que compõe o movimento entre os quais a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) continuamos a luta para que a lei esteja em vigor neste pleito eleitoral.
CEBs Sorocaba
Mesmo sob forte chuva e com poucas pessoas as CEBs da Arquidiocese de Sorocaba realizaram no dia 29 de março uma Via Sacra no espaço coberto em frente a Câmara dos Vereadores da cidade de Votorantim refletindo o caminho doloroso de Jesus e fazendo um ato pedindo pela Aprovação da PLP 518/09, Projeto Ficha Limpa.
No mês de fevereiro a coordenação enviou uma carta ao Deputado Federal e Presidente da Câmara, Michel Temer, pedindo a rápida aprovação do substitutivo. A votação em plenário estava em pauta para dia 07 de abril, mas foi adiada para o inicio de maio.
Em comunhão com o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e muitos outros organismos que compõe o movimento entre os quais a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) continuamos a luta para que a lei esteja em vigor neste pleito eleitoral.
Solidariedade ao povo do Rio de Janeiro
Notas das Comunidades Eclesiais de Base
Solidariedade ao Povo do Rio de Janeiro
CEBs Sorocaba
Fortes chuvas atingiram a capital e diversas cidades do Estado do Rio de Janeiro na oitava da Páscoa deixando milhares de desabrigado, centenas de mortos e feridos devido aos alagamentos e desmoronamentos.
Diante da situação de morte e o Clarão da Páscoa que a pouco celebramos as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Arquidiocese de Sorocaba, em parceria com a Comunidade Imaculada Conceição e a Comunidade Ecumênica Dom Oscar Romero enviaram no dia 08 de abril uma primeira remessa de dinheiro no valor de Cem Reais através da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro que por meio de seu Arcebispo, Dom Orani João Tempesta, enviou uma nota pedindo a solidariedade do povo brasileiro e também colocando as estruturas das Comunidades Católicas da Arquidiocese do Rio a serviço de todas as pessoas que precisarem.
O valor que as CEBs enviaram é fruto da partilha, da reciclagem de embalagens tetra pack, venda dos pacotes de Pão de Queijo congelado e do doce Quarto Centenário que as comunidades estão fazendo e vendendo dentro da proposta da Economia Solidária que refletimos na Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano.
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