Assassinato da missionária americana Dorothy Stang completa cinco a
Após cinco anos do assassinado da missionária americana Dorothy Stang, lembrado nesta sexta-feira, os familiares e amigos da freira ainda cobram por Justiça, denunciam que as ameaças continuam e temem novos homicídios.
Dorothy tinha 73 anos quando foi baleada com seis tiros em uma estrada de terra de Anapu, que fica a 300 quilômetros de Belém, no sudoeste do Pará.
O crime ocorreu no dia 12 de fevereiro de 2005. A freira tinha origem norte-americana, mas era naturalizada brasileira. Iniciou seu ministério no Brasil na década de 60 pelo Maranhão, mas, na região do Pará, onde foi assassinada, viveu cerca de 20 anos.
12.fev.2004//Reuters
Dorothy Stang foi morta a tiros em uma estrada vicinal de Anapu (PA) em 2005
Dorothy Stang foi morta a tiros em uma estrada vicinal de Anapu (PA) em 2005
Dorothy ficou conhecida pela ativa atuação pastoral e missionária, voltada para trabalhadores rurais e para a redução de conflitos fundiários.
De acordo com a Promotoria, a morte dela foi encomendada porque a missionária defendia a criação de assentamentos para sem-terra na região, o que desagrava fazendeiros.
Réu confesso do assassinato de Dorothy, Rayfran das Neves Sales, abriu mão de seu quarto julgamento, em dezembro último. A advogada de defesa, Marilda Cantal, formulou um pedido de desistência do acusado com a justificativa de que um outro interrogatório seria muito desgastante para o caso.
Com isso, ficou mantida a pena de 27 anos, estabelecida no primeiro julgamento de Rayfran, em dezembro de 2005. A decisão permite com que a advogada entre com pedido de progressão do regime, já que o réu cumpriu mais de um sexto da pena e apresenta bom comportamento no Centro de Recuperação do Coqueiro.
Os fazendeiros Regivaldo Pereira Galvão e Vitalmiro Bastos de Moura também são acusados pelos crimes. Galvão, conhecido como Taradão, está em liberdade e nunca foi julgado pela acusação de ser um dos mandantes do crime. Moura, conhecido como Bida, foi preso na semana passada após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Identificados como o intermediário da ação e como o pistoleiro que acompanhou Rayfran no momento do crime, Amair Feijoli da Cunha e Clodoaldo Carlos Batista continuam cumprindo pena de 18 e 17 anos, respectivamente. Após terem cumprido três anos, passaram ao regime semiaberto.
Bida foi condenado a 30 anos de reclusão em regime fechado pelo Tribunal de Júri do Pará. Porém, como a pena foi superior a 20 anos, ele teve direito a um novo julgamento, no qual foi absolvido. Com a absolvição, o fazendeiro foi colocado em liberdade por decisão do STJ.
O Ministério Público do Pará recorreu da decisão e conseguiu anular a absolvição e uma nova decretação de prisão do fazendeiro. Foi dessa decisão que a defesa de Vitalmiro recorreu ao STJ. Ao analisar o relator recurso, o ministro-relator Arnaldo Esteves Lima concedeu liminar, mantendo a liberdade do acusado até o julgamento do mérito do habeas corpus, o que ocorreu na semana passada, quando ele voltou à cadeia.
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