terça-feira, 29 de julho de 2008

Carta do 8º Encontro Latino Americano e Caribenho das CEBs

Delegação brasileira presente no 8º Encontro Latino Americano e Caribenho das CEBs - Bolivia

MENSAGEM ÀS CEBs DA AMÉRICA LATINA, CARIBE E ESTADOS UNIDOS

"CEBs: ESPERANÇA PARA UM MUNDO NOVO EM CONSTRUÇÃO"

Convocados por este lema e Espírito, nos reunimos representantes das CEBs de 17 países, no 8º Encontro Latino-Americano e Caribenho das CEBs. Éramos 113 leigos e leigas, 7 religiosas, 5 diáconos permanentes, 36 sacerdotes e 9 bispos, sendo um total de 170 participantes, em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, nos dias 01 a 05 de julho de 2008.
A celeração inicial do nosso encontro foi presidida pelo Cardeal Júlio Terrazas, titular desta Arquidiocese, que nos recebeu calorosa e fraternalmente, em nome de toda a Comunidade de Santa Cruz.
Com alegria, compartilhamos estes dias nesta cidade caracterizada por sua "hospitalidade", onde nos sentimos muito bem acolhidos.
Nestes dias, marcados pela oração e reflexão, luta e festa, compartilhamos e refletimos a partir de nossas culturas, a vida e o caminhar de nossas comunidades em todo o Continente. Caminho de luzes e sombras, de sinais de morte e de vida, onde aparece claramente a esperança resistente e criativa que nos anima e o novo que está surgindo em nossos países. A partir deste olhar, pudemos detectar e iluminar com a Palavra de Deus aquelas realidades sofridas e esperançadoras que nos desafiam e animam e que passamos a detalhar:
1. A globalização neoliberal e suas conseqüências nas pessoas e na natureza. Sentimos em nossas vidas e na natureza as conseqüências deste sistema homicida e geocida que unicamente busca o lucro e o interesse na exploração dos mais variados recursos naturais (minas a céu aberto, exploração e contaminação das águas, deflorestamento, etc).
2. A presença do narcotráfico e suas conseqüências, no cotidiano, em nossos países e regiões, com a cumplicidade dos países ricos e poderosos.
3. A migração, interna e externa, em nossos países produzida pela violência social, econômica e política (DA, 73), como também a lei "criminosa" de imigração implementada recentemente pela Comunidade Econômica Européia.
4. A involução, conservadorismo e centralização romana da Igreja, que transformou a vida em doutrina e o serviço em hierarquia.
5. A presença e o surgimento de novos Movimentos Sociais que trabalham e lutam por uma nova ordem sócio-político-ecológica, como alternativa à economia de mercado da Globalização neoliberal.
6. A presença e persistência das CEBs ao longo destes 50 anos, reassumidas e relançadas com novo impulso a partir do acontecimento e Documento de Aparecida (DA, 178-179).

A partir do que vivemos e compartilhamos, em clima fraternal como Povo de Deus, ANUNCIAMOS E PROCLAMAMOS QUE:

1. As CEBs, apesar das dificuldades internas e externas, como discípulas issionárias a serviço do Reino, estão vivas e lutando pela vida digna de nossos povos.
2. A centralidade de Jesus Cristo, vivenciado e experimentado no Pão da Palavra e da Eucaristia, é a fonte da mística e espiritualidade das CEBs.
3. Há uma forte presença e protagonismo laical a partir dos pobres, no eclesial e no sócio-político-ecológico. Protagonismo acompanhado pela busca de um novo modo de viver o ministério diaconal, presbiteral e episcopal neste novo rosto da Igreja.
4. Necessitamos acentuar e aprofundar a comunicação e articulação, em todos os níveis a fim de compartilhar as vivências, as lutas, sonhos e esperanças de nosso caminhar.

E ainda nos COMPROMETEMOS a:

1. Reforçar e relançar as lutas solidárias: os Movimentos Sociais, economia solidária, ecologia, construção de uma nova cidadania e compromisso político, etc, não isoladamente, mas em redes.
2. Relançar as CEBs neste momento da América Latina e Caribe, confirmados e animados pela Mensagem de Aparecida, aprofundando: a identidade e coerência, a espiritualidade das CEBs e a comunhão e articulação em todos os níveis.
3. Acentuar a formação, inicial e permanente, nesta nova eclesiologia que surge do Concílio Vaticano II e do Magistério Latino-Americano e Caribenho que nos leva à "conversão pastoral" e "renovação eclesial" (DA,366-367),destinada especialmente aos pastores, seminaristas, religiosos e religiosas, agentes de pastoral e tendo também em conta aquela destinada aos membros das comunidades.
4. Incentivar a comunicação e articulação como parte da identidade eclesial das CEBs, em nível paroquial e diocesano. Além disso, socializar e aproveitar as experiências e subsídios através dos meios modernos de comunicação.

Ao término desses dias, de encontro e compromisso esperançador, agradecemos ao Eeus da vida, a cada um dos participantes, e muito especialmente a nossos irmãos e irmãs das CEBs da Bolívia por sua disponibilidade em assumir ser a sede deste encontro e por tudo o que nos brindaram nestes dias. A seus Pastores, na pessoa do Cardeal Julio Terrazas, que presidiu a missa de encerramento e do bispo auxiliar Dom Sérgio Gualberti, Presidente do Departamento de "Paróquias e Comunidades Eclesiais de Base", do CELAM, que nos acompanhou ao longo destes dias.

Invocamos a luz e a força Espírito Santo, para viver este novo tempo da América Latina e do Caribe, sob o amparo maternal de Maria de Guadalupe, com audácia e criatividade, com alegria e fidelidade, para seguir construindo o Reino de Deus e sua Justiça na vida de nossos povos.

Participantes do VIII Encontro Latino-Americano e Caribenho de CEBs.
Santa Cruz, Bolívia, 05 de julho de 2008.


* Agradecemos aoPe DirceuBeninca pela tradução

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