domingo, 10 de fevereiro de 2008

Aberta as comemorações do Centenario Dom Helder Camara




Abertas as comemorações do Centenário Dom Helder Câmara
Uma missa em Recife, na última quinta-feira, 7, marcou a abertura das comemorações do centenário de nascimento de dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, falecido em 27 de agosto 1999. Cerca de 700 pessoas participaram da missa, celebrada junto à sede do Regional Nordeste 2 da CNBB, com a presença de 17 bispos e 60 padres. Também o governador de Estado, Eduardo Campos, além de outras autoridades e personalidades participaram da celebração. Segundo o arcebispo de Maceió e presidente do Regional, dom Antônio Muniz Fernandes, a celebração não poderia ocorrer em melhor momento, lembrando a abertura da Campanha da Fraternidade, cujo tema é defesa da vida. “O tema da campanha se encaixa com os conceitos de dom Hélder, que defendeu a vida, o amor e a paz”, disse o arcebispo.Nascido em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza (CE), dom Helder foi ordenado padre em 1931. Em 1952, foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro e, em 1964, tornou-se arcebispo de Olinda e Recife onde ficou até se tornar emérito em 1985. Outras atividades deverão ocorrer durante o ano para lembrar o centenário de seu nascimento.


Em entrevista à Assessoria de Imprensa da CNBB, o bispo de Palmares (PE) e secretário do Regional, dom Genival Saraiva, explica o sentido da comemoração do centenário de dom Helder.


1. O que é o Centenário de Dom Helder Câmara? O Centenário de Dom Helder Câmara é nosso olhar no tempo, o dia 7 de fevereiro de 1909, dia de seu nascimento, em Fortaleza (CE). Não tem como endereço o culto à personalidade, mas visa reverenciar a memória e, principalmente, render graças a Deus pela existência desse Pastor da Paz, porque nele o dom da vida se tornou um serviço ao povo de Deus. A comemoração do seu nascimento nos dá a oportunidade de identificá-lo como homem de Deus, servidor da Igreja, pastor de todos, irmão dos pobres, com o objetivo de fazer chegar às bases o conhecimento da pessoa de Dom Helder, o Pastor da Paz.


2. De quem é esta iniciativa?A iniciativa de promover a comemoração do Centenário envolve o Regional Nordeste 2 da CNBB, a arquidiocese de Olinda e Recife, o Instituto Dom Helder Câmara (IDHeC) e a Universidade Católica de Pernambuco. De conformidade com a natureza da programação, a comemoração do Centenário de Dom Helder vai acontecer no âmbito do Regional Nordeste 2 da CNBB, com uma acentuação maior em Recife, por sua condição de Sede dessas instituições que assumem, de forma compartilhada, a programação que, todavia, por sua natureza e abordagem, ultrapassa os limites locais e fala à Igreja e à sociedade brasileira.



3. Quais os objetivos desta comemoração? O fator tempo já distancia do Helder das gerações mais novas que precisam conhecer as suas iluminações e contribuições em assuntos de interesse da vida da Igreja. Basta vê-lo ante a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), instituições a que está ligado, do momento de sua criação à maturidade de seu funcionamento.As novas gerações precisam conhecer Dom Helder por sua eficiente participação no Concilio Vaticano II. Por sua visão de Igreja, de sociedade, de mundo e por sua capacidade de articulação, ele contribuiu muito junto a Padres Conciliares, peritos e assessores, na elaboração do conteúdo dos Documentos Conciliares. Outro objetivo é tornar presentes as suas preocupações e contribuições em relação à vida do povo, com iniciativas que vencem a prática do assistencialismo, estimulam a promoção social e defendem a dignidade humana, a exemplo da Cruzada São Sebastião, Banco e Feira da Providência, bem como sua condição de corajoso defensor dos direitos humanos, da justiça e da paz. Essas preocupações e contribuições continuam sendo razão da ação evangelizadora da Igreja no Brasil


.4. Qual é a programação do ano centenário? A programação compreende momentos celebrativos, atividades científicas, culturais e marcos materiais que serão vividos, no período de 2008-2009. Em 2007, a partir de 11 de fevereiro, haverá a reapresentação do Programa de Dom Helder “Um olhar sobre a cidade”, na Rádio Olinda. Será realizado, também, o Seminário “O Século de Dom Helder: cristianismo e construção da cidadania no Brasil, ontem e hoje”, no período de 12 a 15 de maio, a cuja frente está a Universidade Católica de Pernambuco.Já as celebrações de aniversário de sua ordenação sacerdotal serão comemoradas na Igreja do Regional Nordeste 2, no dia 15 de agosto, e de sua morte, na Sé de Olinda, no dia 27 de agosto, com a participação da CNBB.Em setembro, a Universidade Católica de Pernambuco criará uma Cátedra, com a temática dos Direitos Humanos, sugestão de Dom Helder, ao receber o título de Doutor Honoris Causa. Em sua homenagem, será chamada Cátedra de Direitos Humanos Dom Helder Câmara. No site Observatório das Religiões, da Universidade Católica, estará inserido o legado inter-religioso de Dom Helder. Também a Câmara de Vereadores de Recife realizará uma sessão comemorativa.Em 2009, a referência de todas as atividades comemorativas é 7 de fevereiro, Dia do Centenário de Dom Helder, com a celebração eucarística, no Ginásio de Esportes Geraldão. Serão feitas gestões junto à Direção dos Correios para edição de Selo Comemorativo.Estão previstos, ainda, um segundo Seminário, de caráter internacional, com o tema “O Século de Dom Helder” e várias celebrações nos aniversários de ordenação e de morte de Dom Helder, além de uma cerimônia ecumênica.Outra atividade prevista é uma sessão comemorativa na Assembléia Legislativa de Pernambuco, as inaugurações do Memorial Dom Helder Câmara e da reforma da Igreja das Fronteiras e uma apresentação da Sinfonia dos dois mundos. Serão organizadas, também, exposições itinerantes e edição ou reedição de Obras de e sobre Dom Helder, como expressões culturais do seu centenário.



5. Qual o significado de Dom Helder para a Igreja do Brasil?A Igreja do Brasil tem registrado em sua história o lugar de Dom Helder, na gênese e na vida da CNBB. Por sua mística, contribuiu para a comunhão pastoral e para a colegialidade episcopal. A sua espiritualidade e o seu profetismo são exemplos a serem lidos e imitados. A ternura de sua personalidade e a firmeza de seus posicionamentos “Em defesa da vida” continuam falando à Igreja e à sociedade. A sua capacidade de diálogo e a coragem de denunciar as injustiças sociais devem também estar presentes na ação ministerial de todos os agentes pastorais da Igreja, na sua condição de discípulos missionários de Jesus Cristo. Nele, a ação pastoral e a construção da cidadania eram marcas indissociáveis. Sem dúvida, sua vida e seu ministério episcopal, sempre comprometidos com a causa dos pobres, com o drama dos injustiçados e perseguidos, no retrato peculiar dos governos militares, enfim, a defesa dos Direitos Humanos, são referências para a vida da igreja do Brasil.
Fonte: CNBB

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