Considerada
terreno perigoso, a política, desde o Papa João Paulo II, é coisa dos
homens, enquanto o clero cuida das almas. Desde a Teologia da
Libertação, entrar no campo político equivale a avançar o sinal vermelho
e "trombar feio" com a Doutrina da Fé. Acontece que os tempos modernos
estão formando homens ávidos por dinheiro, que relativizam todos os
valores morais e avançam para a corrupção certos da impunidade.
A
classe política é o maior exemplo do descasamento entre a vontade e as
necessidades da maioria da população e os interesses mesquinhos dos
ditos representantes do povo. Representando a si próprios, os políticos
transformaram a política em um negócio de altíssimo retorno no presente e
gordas aposentadorias no futuro. Pior que isso, transformaram a
política em profissão.
É
a única profissão do mundo em que os profissionais determinam seus
próprios ganhos e debitam o prejuízo na conta dos cidadãos
contribuintes. Não representam mais a ninguém e seus salários e atitudes
constituem uma afronta a toda a sociedade. O desgaste da imagem dos
políticos é um fenômeno nacional.
Cansada
de falar, a população começou a agir. Existem movimentos em todo o
território nacional contra aumento do número de vereadores e contra seus
reajustes exorbitantes de salários. Pesquisa recente na cidade de
Goiânia apurou que 25% dos eleitores pretendem anular os seus votos como
forma de protesto. O cenário é deprimente: salários altos, veículos,
motoristas, assessores, negociatas e descaso com a coisa pública.
Seguindo
a corrente cívica, Bebedouro não quer o aumento para 15 vereadores e se
movimenta pela manutenção dos 10 atuais. Bebedouro também não quer que
os vereadores ganhem R$ 8 mil por mês como em Araraquara ou Jaboticabal.
Apesar da omissão da OAB local (difícil de entender, já que a mesma OAB
está nos movimentos de Ribeirão Preto e Sertãozinho), muitas entidades
estão aderindo ao movimento.
Mas
bastou que os padres locais aderissem ao movimento para que alguns
vereadores começassem a fazer ironias e piadinhas como: Padre é
profissão? Quem paga os salários dos padres? Por que a Igreja não paga
impostos?
Adotando
a tática de a melhor defesa é o ataque, nossos nobres vereadores
(exatamente três, que não vão falar em público o que falam pelos cantos)
deveriam estudar mais o assunto para não comparar coisas incomparáveis.
Como tantas outras instituições, a Igreja é uma entidade sem fins
lucrativos e, portanto, não paga impostos. Isso é garantido pela
Constituição Federal. Padre recolhe INSS como trabalhador autônomo desde
o primeiro ano como seminarista para um dia ter aposentadoria, bem
abaixo da média da maioria dos trabalhadores.
Aos
75 anos os padres ficam desobrigados de exercerem suas atividades
sacerdotais; mas o ócio não existe para os padres que continuam sua
profissão de fé até a morte. Os salários dos padres é mensal para cobrir
suas necessidades básicas como alimentação e assistência médica, já que
a maioria dos padres residem em casas paroquiais.
As
Dioceses pagam os salários dos padres com a arrecadação de dízimos e
serviços de batismos, crismas e casamentos. Tudo está previsto no
Direito Canônico. Os padres não vivem de dinheiro público e sim de
doações espontâneas. Os padres abrem mão de prazeres mundanos como o
casamento e a riqueza para se dedicarem à fé e à assistência aos menos
favorecidos.
Se
os nossos nobres vereadores vivessem de doações do povo, a maioria já
teria mudado de profissão. Os padres entraram no Movimento Bebedouro é
10 como cidadãos bebedourenses e líderes comunitários que são. Os padres
têm autoridade moral para pedir assinaturas na ação popular.
Os
nobres vereadores, em respeito a toda a população, deveriam manter a
representatividade em 10 cadeiras e ganhar um salário que apenas
atendesse suas necessidades básicas. Os padres avançaram o sinal
vermelho sob aplausos, a aí não cabe multa ou advertência alguma!
Fonte: Jornal Impacto - Bebedouro
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