As diretrizes para a educação brasileira na próxima década começaram a ser definidas nesta terça-feira com a votação do Plano Nacional de Educação
(PL 8035) na comissão especial que analisa a proposta, na Câmara dos
Deputados. O ponto mais polêmico do texto é a meta de financiamento do
setor, que divide não só governo e oposição, mas também parlamentares da
base aliada.
Deputados e integrantes de movimentos sociais reivindicam 10% do
Produto Interno Bruto para o setor, mas o governo propõe ampliar os
atuais 5% do PIB que União, estados e municípios aplicam na área, para
7%. Já o relator do projeto Angelo Vanhoni (PT-PR) defende o aumento
para 7,5%.
Se aprovada pela comissão especial, a proposta, que tramita de forma
conclusiva, segue diretamente ao Senado, mas as divergências podem levar
o debate ao Plenário da Câmara. Para isso, basta que 52 deputados
assinem um recurso.
Segundo o presidente da comissão, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) já
existe um documento com esse objetivo que reúne cerca de 280
assinaturas. A apresentação do recurso depende, portanto, do resultado
da votação no colegiado.
Financiamento
Segundo Coimbra, a polêmica em torno do percentual do PIB a ser
aplicado na educação passa por aspectos técnicos e políticos. Por um
lado, representantes de movimentos ligados ao setor acreditam que o
valor de 7,5% propostos pelo governo não dará conta das metas previstas
no PNE. O plano prevê a ampliação do atendimento em todos os níveis de
ensino e a oferta de serviços complementares, como a ampliação da
jornada de ensino dos estudantes de nível fundamental. O PNE determina
ainda a ampliação do salário dos professores e a melhoria da
infraestrutura das escolas.
No aspecto político, Coimbra afirma que a saída para o impasse em
torno da percentagem do PIB para área, seria a aprovação dos 7,5% este
ano e a revisão do PNE nos próximos anos pelo Congresso. ““Dessa forma, o
valor seria revisto de maneira realista, com base no desempenho da
economia brasileira ao longo do tempo”, argumenta.
Mais polêmicas
Outro tema polêmico é a inclusão do piso salarial dos professores na
proposta. O texto inicial previa a aproximação do rendimento do
magistério ao salário de outros profissionais de nível de escolaridade
equivalente. O relatório de Vanhoni garante a equiparação desses
rendimentos até o final da vigência do PNE, mas deputados ligados ao
setor querem a garantia de pagamento do piso salarial nacional da
categoria, hoje fixado em R$ 1.451 por 40 horas semanais – entre na nova
lei.
Apesar de ter sido aprovado pelo Congresso e confirmado em decisão do
Supremo Tribunal Federal, a maioria dos estados e municípios alegam que
não têm recursos para cumprir a regra. A lei do piso (11.738/08) prevê a
complementação dos recursos pela União, caso estados e municípios
comprovem que não têm condições de arcar com a despesa. No entanto,
prefeitos e governadores reclamam da burocracia para conseguir os
recursos. Uma parte dos deputados pedem a inclusão na lei do PNE do
compromisso de complementação de verbas pela União.
Lelo Coimbra também prevê divergências em relação às regras para
eleição de diretores nas escolas. A comissão deve debater os critérios
para que os candidatos ao cargo possam se inscrever, entre eles,
escolaridade mínima e qualificação
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