Por 274 votos a favor, foram aprovadas as alterações feitas pelo
relator Paulo Piau (PMDB-MG) ao texto do Senado. Votaram contra 184
deputados e dois se abstiveram. Com isto, o texto tira a proteção em
torno de nascentes de rios, aumenta a consolidação de áreas desmatadas
em topos de morro e manguezais e retira artigo que impedia o recebimento
de crédito agrícola por produtores que não promovessem a regularização
ambiental em cinco anos.
Além disso, volta trecho do texto da Câmara, que conta as APP (Área de
Preservação Permanente) como Reserva Legal e permite o computo de
regeneração, recomposição e compensação na área a ser preservada.
A votação foi nominal porque as bancadas do PSB, PC do B e PP racharam. O PT, PRB, PV e PSOL votaram pelo texto do Senado.
Anteriormente, os deputados já tinham aprovado os trechos do texto do
Código Florestal do Senado que foram mantidos pelo relator na Câmara.
Isto inclui a necessidade de recomposição de vegetação em 15 metros das
margens de rios de até 10m de largura e a desobrigação para o pequeno
proprietário de recompor suas áreas desmatadas até 2008. Estes artigos
tinham sido retirados do parecer do peemedebista, voltaram após ser
apontada irregularidade, e geraram grande polêmica.
Os proprietários de terra de até 4 módulos fiscais (que varia de
tamanho de acordo com o Estado) têm a prerrogativa de manter o
desmatamento até 2008. Quando este artigo foi retirado inicialmente por
Piau, ambientalistas temeram que o benefício fosse subentendido para
todas as propriedades.
As faixas de recuperação ao longo de rios com largura acima de 10
metros permanecem temporariamente indefinidas. No texto do Senado este
valor era definido, mas do da Câmara, aprovado em maio de 2011, não.
Agora eles votam se os trechos retirados do Senado pelo relator voltam
ou não.
Todos os partidos concordaram em aprovar o texto do Senado, com exceção do PSOL e do PV que entraram com obstrução.
Deputados estão reunidos em plenário desde a manhã desta quarta-feira
(25) para debater e votar a reforma que altera a legislação nacional
sobre florestas e vegetação nativa em propriedades privadas. A lei já
tramita no Congresso há 12 anos e foi aprovada ano passado em ambas as
Casas. Se aprovado agora, vai para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Parecer de Piau
O relator leu seu parecer no plenário e explicou suas alterações. Ele
defendeu a retirada das áreas de recuperação em margens de rio, por
acreditar que estes limites podem ser melhor definidos de acordo com
biomas e tamanho da propriedade, e ser consolidado pelos Estados.
O novo parecer retira a divisão por categorias dos produtores rurais
para recebimento de incentivos, por acreditar que esta não é a função do
Código; retira ainda o artigo que impedia o recebimento de crédito
agrícola por produtores que não promovessem a regularização ambiental em
cinco anos, ele diz que o Governo pode demorar para indicar como deve
ser a regulamentação, o que diminuiria o tempo hábil do produtor rural.
O relatório dispensa a proteção de 50 metros em torno de veredas,
nascentes de rios, deixando apenas as veredas como APPs. Segundo ele,
esta faixa no entorno seria muito grande e só a preservação da nascente
já seria um grande avanço. Ele ainda tira os apicuns e salgados de APP e
coloca em área de uso restrito e elimina um dispositivos que vinculava
recursos à recomposição.
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