quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

“Feios merecem tanta proteção do governo quanto deficientes e minorias”

"Sociedade Globalizada: aparência também é quase tudo!!!... Para onde caminha a humanidade??? Que humanidade???"
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Várias pesquisas conduzidas em diferentes países do mundo concluem que pessoas atraentes costumam ser mais bem remuneradas do que as menos atraentes. Um estudo em particular feito nos EUA mostra que a diferença de salário entre os 10% menos atraentes e os 30% mais atraentes chega a até 15% ao ano – algo como R$ 425 mil ao longo de uma vida de trabalho.

O economista norte-americano Daniel S. Hamermesh, da Universidade do Texas, é autor do recém lançado Beauty Pays (“A Beleza Com­pensa”, em tradução livre) e vem estudando o impacto da beleza no mercado de trabalho.

Segundo ele, os feios são tão merecedores de proteção do governo quanto outros grupos, como deficientes, mulheres e minorias religiosas.

Nesta entrevista, ele afirma não ser a favor de qualquer tipo de cota, mas diz que, se existe legislação obrigando a contratação de deficientes, como ocorre no Brasil, faria sentido, pela lógica econômica, que o país também possuísse uma lei para a contratação dos feios.

Para Hamermesh, os menos atraentes são punidos baseado na aparência, mas outros grupos igualmente injustiçados têm muito mais poder sobre os recursos políticos.

Ele também explicou por que os homens feios sofrem mais financeiramente do que as mulheres e deu dicas de como os menos atraentes podem se proteger no mercado. Leia os principais trechos da conversa:

Existe um parâmetro universal para definir quem é atraente?


Divulgação / “As mulheres menos atraentes têm menor probabilidade de estarem trabalhando do que as mais atraentes. Entre os homens não existe essa diferença.”

“As mulheres menos atraentes têm menor probabilidade de estarem trabalhando do que as mais atraentes. Entre os homens não existe essa diferença.”

Não. A simetria facial é importante, mas outras coisas que são mais subjetivas também importam. A beleza é subjetiva; mas ainda que as pessoas não concordem exatamente sobre o que é um rosto bonito, há um nível de concordância substancial. Se você acha que alguém é muito bonito, bem provavelmente a maioria das outras pessoas vai concordar com você.

Vários fatores afetam a remuneração e o sucesso na carreira. Quão importante é a influência da beleza?

A beleza é apenas uma das muitas coisas que influenciam a remuneração e a qualidade do trabalho. Nos EUA, entre os 10% menos atraentes e os 30% mais atraentes, o impacto da beleza na remuneração é de cerca de 15% a favor dos mais bonitos. Isso é o equivalente a mais de um ano e meio de educação no salário. Não é pouco, mas também não é algo gigantesco.

Por que o homem feio sofre mais financeiramente do que a mulher feia?

A maior parte dos homens precisa trabalhar. Mulheres, mesmo nos dias de hoje, têm mais opção para escolher se querem ou não trabalhar. Então, se você é uma mulher feia, e você sabe que a sua aparência vai lhe prejudicar no seu trabalho, é mais provável que você fique em casa. E isso é exatamente o que nós vemos nas pesquisas – as mulheres menos atraentes têm menor probabilidade de estarem trabalhando do que as mais atraentes. Entre os homens não existe essa diferença.

O que os feios podem fazer para driblar esse obstáculo?

Existem outras coisas que afetam o sucesso. Se você não é atraente, você deve enfatizar outras boas características que você tem – sua inteligência, educação, força física, personalidade agradável, etc.

Você acha que o governo deveria oferecer proteção legal aos feios?

Não, eu não acho isso. Mas eu vejo que, pela lógica econômica, os feios são tão merecedores de proteção quanto outros grupos protegidos. Pelo menos nos EUA, eu vejo que os outros grupos têm mais poder sobre os recursos políticos e há mais disposição dos governantes em agir a favor deles. Então, mesmo que eu não veja uma razão lógica para se recusar a proteção, dados os recursos limitados do governo, eu vejo motivos políticos para a recusa nesse tipo de proteção.

Como essas políticas poderiam ser implementadas?

Da mesma maneira que as proteções para os deficientes. Se a lei proíbe a discriminação, grupos que se sentem discriminados contra um empregador em particular podem se juntar numa ação coletiva e processar o empregador.

Existe algum estudo sobre o impacto da beleza de um povo na economia de um país? Por exemplo, os brasileiros foram votados o segundo povo mais atraente do mundo (atrás dos americanos, segundo uma pesquisa do instituto inglês One Pool). Como isso pode afetar a economia brasileira, por exemplo?

Digamos que os brasileiros sejam bastante atraentes na média – isso significa que há menos punição para aqueles que são apenas medianamente atraentes? Essa pergunta é a equivalente a se o ranking de uma pessoa qualquer na escala de beleza é importante, ou se a diferença dela da média do país (mesmo num país de média alta) afeta mais a sua remuneração. Meu estudo atual indica a segunda opção – se todo mundo é mais atraente, então o impacto da diferença da beleza na remuneração permanece a mesma.


Daniel S. Hamermesh
economista da Universidade do Texas e autor do livro Beauty Pays

Fonte: Gazeta do Povo



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