quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mortalidade infantil entre indígenas aumentou 513%, aponta relatório


Quinta-feira, 29/06, lançamento do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – 2010 que mapeia as condições de violência e violações de direitos humanos enfrentados pela população indígena. Somente em 2010, 92 crianças morreram por falta de cuidados médicos, o que representa um aumento de 513% se comparado a 2009, quando foram contabilizadas 15 vítimas. Entre os casos, um triste destaque para a situação desoladora do povo Xavante de Mato Grosso, que perdeu 60 crianças das 100 nascidas vivas. Todas vítimas de desnutrição, doenças respiratórias e doenças infecciosas.

Em todo o país, pelo terceiro ano consecutivo, o número de assassinatos registrado chega a 60 casos. A maioria ocorreu no Mato Grosso do Sul, com 34 casos, o que representa 56% do total. O estado registra a segunda maior população indígena do país, com mais de 53 mil pessoas. “Algumas ocorrências aumentam, outras diminuem ou permanecem iguais, mas o cenário é o mesmo e os fatores de violência se mantém, reproduzindo os mesmos problemas”, afirma a doutora em Antropologia, Lúcia Helena Rangel, coordenadora da pesquisa.

Outro dado alarmante são os 33 casos de violência contra o patrimônio que evidenciam a situação conflituosa decorrente do modelo desenvolvimentista adotado pelo país, sobretudo pela falta de acesso à terra. “Mais uma vez é preciso afirmar que o pano de fundo das violências cometidas contra os povos indígenas, bem como a violação de seus direitos, é o desrespeito à demarcação de suas terras”, declara Lúcia. Além disso, 60 indígenas foram assassinados, outros 152 ameaçados de morte.

A metodologia de pesquisa empregada é a mesma utilizada nos anos anteriores: toma-se como fonte a imprensa escrita e virtual, rádios e veículos alternativos das mais diferentes cidades, bem como os registros sistemáticos efetuados pelas equipes do Cimi espalhadas pelos 11 regionais da entidade. Além disso, as informações provêm de relatórios policiais e do Ministério Público Federal. De acordo com Lúcia, os registros reproduzidos não esgotam todas as ocorrências acontecidas, mas indicam a tendência e as características dos ataques e ameaças que pesam sobre essa população.

Serviço

A publicação será lançada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na quinta-feir, 29/06, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), às 15h. Na solenidade de lançamento está confirmada a presença do secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, da coordenadora da pesquisa, Lúcia Helena Rangel, do presidente e vice-presidente do Cimi, dom Erwin Kräutler e Roberto Antônio Liebgott, respectivamente, do conselho da entidade, e do colaborador Egydio Schwade, que durante muitos anos atuou junto ao povo Waimiri-Atroari, no Amazonas.

Com informações do CIMI, Conselho Indigenista Missionário

Fonte: Sul 21

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