O Tribunal Nacional da Espanha decidiu ,01/06/2011, processar os 20 militares salvadorenhos apontados como responsáveis pela morte de seis sacerdotes jesuítas em El Salvador em 1989.
O episódio, um dos mais marcantes dos 12 anos da sangrenta guerra civil no país, ficou conhecido como “o massacre da Uca”.
O juiz Eloy Velasco ordenou a busca e prisão internacional para 19 dos acusados. Um deles já está preso pelos crimes de assassinato terrorista (crime de Estado) e crime contra a humanidade no caso dos sacerdotes, cinco deles espanhóis e um salvadorenho.
O crime cometido contra os sacerdotes, um deles reitor da famosa Universidade Centro-Americana (UCA), é um dos mais emblemáticos do conflito armado em El Salvador, que viu o grupo de guerrilha de esquerda Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) enfrentar o Exército Salvadorenho.
Os sacerdotes Ignacio Ellacuría, Armando López, Ignacio Martín Baró, Juan Ramón Moreno, Segundo Montes e Joaquín López y López, este último de El Savador, foram acusados pelo governo direitista da época de proteger os guerrilheiros da FMLN.
A responsabilidade deste caso foi colocada sobre o coronel Guillermo Benavides, que foi preso com outro coronel em 1992, Yusshy Mendoza.
Ainda assim, os dois foram libertados pouco mais de um ano depois, beneficiados por uma lei de anistia.
Junto com os sacerdotes foram assassinadas duas mulheres que faziam trabalhos domésticos na residência dos jesuítas.
A ação na Espanha foi perpetrada em 2009 pela Associação Pró-Direitos Humanos da Espanha e pelo Centro de Justiça e Responsabilidade em nome de Alicia Martín Baró, carmelita e irmã de um dos sacerdotes.
Para o diretor da radio Ysuca, Carlos Ayala Ramírez, a punição dos culpados é importante para que El Salvador encontre a paz e a justiça.
“O espírito que anima esta iniciativa não é voltar ao passado mais ou menos imediato com sede de vingança, senão com sede de justiça que não exclui o perdão” - opinou.
Em coletiva de imprensa, o reitor da UCA, Pe. Andreu Oliva, insistiu que os autores intelectuais sejam encontrados e disse que os jesuítas estariam dispostos a perdoá-los, caso reconheçam sua culpa.
Ervino Martinuz
Madri, 02 jun
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