sábado, 2 de abril de 2011

Encontro de articuladores e assessores das CEBs da América Latina e Caribe

Santiago, 31 de março de 20011.



Neste primeiro dia de encontro das CEBs do continente Latino Americano e Caribenho, tivemos uma análise de conjuntura sobre a realidade eclesial do continente.

Entre as discussões comentou-se sobre a crise civilizacional, destacando que o coração da crise é cultural, mas também político-econômico-social.

Trata-se de uma mudança de época.

Se os Maias falam do fim do mundo em 2012, isso significa o fim de um círculo.

Estamos vivendo um momento crítico em que se faz necessário ouvir a voz dos pequenos: Mudança de paradigma.

O momento eclesial exige que deixemos de lado os problemas mais internos e passemos a experiência de uma Igreja mais ampla, pois há muitos caminhos que não nos conduzem ao coração. O que se passa com a ciência? Está se chegando ao limite de crescimento e o meio ambiente já não suporta mais. Neste sentido, o processo social boliviano está apontando um crescimento crítico com a experiência de descolonização.

Outro ponto em discussão foi a crise do patriarcalismo que gera uma nova imagem de Deus: homem ou mulher? Isso leva ainda muito tempo para uma mudança de imagem. Até então, Deus é tido como um varão onipotente.

Fica claro para nós que é importante perceber o Deus dos pequenos, frente a uma dominação, e a sua fragilidade compreendida pelas CEBs, tem contribuído com um outro crescimento possível na América Latina e Caribe: um crescimento mais humano e tolerante diante das diferenças, de onde surge uma mística que envolve muitas pessoas. E, aqui sim, há muitos caminhos que conduzem ao coração.

Existe na América Latina uma dificuldade, por parte da hierarquia, para aceitar a eclesiogênese das CEBs. E, diante de tal situação, surgem as manifestações da religião popular que busca vínculo com o antepassado, numa manifestação ao Jesus ressuscitado. São formas de encontrar sentido, de encontrar forças e autonomia. E o desafio das CEBs tem sido a migração das pessoas em busca da salvação em Cristo crucificado.

Na parte da tarde, a análise de conjuntura sócio-econômico-social aponta que houve um impulso dinamizador por força do movimento social que muito contribuiu com o poder dos governos progressistas, reduzindo o índice de pobreza na América Latina e Caribenha.

O ritmo de crescimento econômico se deve a três fatores: A crise econômica nos Estados Unidos, União européia e Japão que corresponde a 50% da economia mundial. Isso obrigou os nossos países a assumirem uma vocação econômica, mas, não se pode perder de vista que existem certos crescimentos que são empobrecedores.

E como enfrentamento , passa pelas comunidades a discussão pela conquista dos espaços públicos para se criar alternativas econômicas. E o grande desafio para as CEBs é firmar um trabalho social que fortaleça os grupos familiares, pois estes transmitem afetivamente o sentido da vida. Pois, a família é o grupo de amor incondicional. E, efetivamente, os grupos familiares comunitários nos ajudam a compreender que a defesa do território é a maior sabedoria espiritual e cultural da América Latina.

Pe. Vileci Basílio Vidal
Membro da Coordenação do 13º Intereclesial

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