terça-feira, 29 de março de 2011

Tremores no Brasil não podem ser negligenciados...

O Brasil já sofreu diversos abalos sísmicos no século 21, como os registrados em São Paulo em 2008 e em Minas Gerais em 2007. Apesar de produzir tremores de baixa intensidade, a atividade sísmica no país não pode ser negligenciada, mostra o livro "Decifrando a Terra".

Segundo a obra, são os estudos sismológicos datados do início da década de 1970 que desfazem aquele discurso antigo de que o Brasil está livre de terremotos. O livro informa que, em 2007, foi registrada a primeira fatalidade por terremoto no país com um tremor que provocou desmoronamento de casas na zona rural de Itacarambi (Minas Gerais).

Em 624 páginas, "Decifrando a Terra" é uma referência no ensino atualizado das ciências geológicas em diversos cursos universitários em geologia, geofísica, geografia, biologia, química, oceanografia, física e engenharia.

Há capítulos sobre a origem do Universo, sismologia, placas tectônicas, atmosfera, mudanças climáticas, minerais e rochas, magma e seus produtos, ação da água na Terra, vulcanismo, processos fluviais, eólicos, oceânicos, entre outras áreas de interesse similar.


Um trecho do livro:

No dia 9 de dezembro de 2007, às 0h05, a comunidade rural de Caraíbas, a 32 km de Itacarambi, no norte de Minas Gerais, experimentou o gosto amargo da Tectônica Global. A terra tremeu, seis casas ruíram e outras 70 ficaram danificadas. Segundo os moradores, "teve um estrondo que parecia de baixo da terra. Foi um barulho que não tem filho de Deus que não ouviu. Saímos de casa correndo e nas ruas você só escutava choro, clamor." Mas o saldo trágico maior deste abalo sísmico de magnitude 4,9 na escala Richter foi a morte da menina Jesiqueli Oliveira da Silva, de 5 anos, o primeiro registro de morte por terremoto no Brasil.

Costuma-se ouvir que o Brasil é um país geologicamente estável, livre dos perigos da natureza como terremotos, vulcões e tsunamis, que ocorrem frequentemente nos países andinos vizinhos. Mas o evento relatado nos ensina que estabilidade é diferente de imobilidade e nos alerta a uma outra realidade, que envolve escalas de tempo e espaço fora da nossa perspectiva usual. Durante uma vida humana, por exemplo, pouco se notam as mudanças da Terra (planeta), assim como um inseto, cujo ciclo de vida é de apenas duas semanas, não pode acompanhar o crescimento da árvore onde habita. Guardadas as devidas proporções, assim se parece nosso planeta aos olhos humanos.

A Terra é um planeta dinâmico, em contínua transformação, resultado de processos que atuam em escala temporal de milhares, milhões e bilhões de anos e envolvem continentes, crosta e manto. Se ao longo de toda a sua história a Terrra tivesse sido fotografada do espaço a cada mil anos, e se estas imagens surrealistas fossem transformadas num filme, veríamos a superfície do planeta em constante mutação, com os continentes se deslocando, colidindo e se fragmentando, cadeias de montanhas se elevando e sendo erodidas e os mares avançando sobre os continentes para, logo em seguida, recuarem novamente.

(...)

Por ocupar grande parte da América do Sul com rochas muito antigas e sem vulcões ativos, e por não se conhecer a ocorrência de sismos destrutivos, o Brasil era considerado um território sem atividades sísmicas. Contudo, no início da década de 1970, estudos sismológicos mostraram que a atividade sísmica no Brasil, apesar de produzir tremores de baixa intensidade, não pode ser negligenciada;

A concentração de epicentros nas regiões sudeste e nordeste do Brasil reflete, em parte, o processo histórico de ocupação e distribuição populacional do país, porque muitos destes eventos foram estudados a partir de documentos antigos. Mesmo assim, sismos de destaque, como o de Mogi-Guaçu (SP) de 1922 com magnitude 5,1 mb (mb - outra maneira de calcular magnitude Richter, utilizando ondas P, que produz valores aproximadamente equivalentes aos de M5), têm sido registrados nestas regiões. Em 1980, um sismo com magnitude 5,2 mb, e intensidade máxima VII MM foi sentido em praticamente todo o Nordeste onde provocou o desabamento parcial de casas modestas na região de Pacajus (CE). O maior sismo conhecido do Brasil ocorreu em 1955 com magnitude Richter 6,2 mb a 370 km ao norte de Cuiabá, MT.

Epicentros de sismos ocorridos no Brasil de 1767 a 2006 com magnitude > 3,0 (*)

1- 1955
Magnitude (em mb): 6,2
Localidade: Porto dos Gaúchos, MT. Em Cuiabá, 370 km ao sul, pessoas foram acordadas

2- 1955
Magnitude: 6,1
Localidade: Epicentro no mar a 300 km de Vitória, ES

3- 1939
Magnitude: 5,5
Intensidade máxima: >VI
Localidade: Tubarão, SC, plataforma continental

4- 1983
Magnitude: 5,5
Intensidade máxima: VII
Localidade: Codajás AM, bacia Amazônica

5- 1964
Magnitude: 5,4
Localidade: NW de MS, bacia do Pantanal

6- 1990
Magnitude: 5,2
Localidade: no mar a 200 km de Porto Alegre, RS

7- 1980
Magnitude: 5,2
Intensidade máxima: VII
Localidade: Pacajus (CE)

8- 1922
Magnitude: 5,1
Intensidade máxima: VI
Localidade: Mogi-Guaçu, SP, Sentido em SP, MG e RJ

9- 1963
Magnitude: 5,1
Localidade: Manaus, AM

10 - 1986
Magnitude: 5,1
Intensidade máxima: VII
Localidade: João Câmara, RN

11- 1998
Magnitude: 5,2
Intensidade máxima: VI
Localidade: Porto dos Gaúchos, MT

12- 1998
Magnitude: 5,3
Localidade:Margem Continental, AP

13- 2005
Magnitude: 5,1
Intensidade máxima: VI
Localidade: Porto dos Gaúchos, MT

14- 2006
Magnitude: 5,2
Localidade: Oiapoque, AP, e Caiena (Guiana Francesa)

15- 2007
Magnitude: 4,9
Intensidade máxima: VI
Localidade: Itacarambi, MG. Desmoronamento de casas em zona rural; primeira fatalidade por terremoto no Brasil

(*) A cobertura é incompleta porque até os meados do século XX apenas sismos com magnitude acima de 4 foram registrados. Atualmente, na região Sudeste sismos com magnitudes acima de 2,5 já são registrados, mas na Amazônia o limite de detecção é de 3,5.

Fontes: USP, UnB, UFRN, IPT

O terremoto de São Paulo

Em 22 de abril de 2008, pouco depois das 21 horas, a cidade de São Paulo sofreu um terremoto que também foi percebido nas cidades do leste dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, em especial as litorâneas. Seu epicentro foi localizado no mar, a cerca de 215 km da cidade de São Vicente e seu hipocentro a 10 km de profundidade, abaixo da bacia de Santos. A magnitude desse sismo foi de 5,2 na escala Richter (energia liberada).

Fonte: Folha Online

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