terça-feira, 8 de março de 2011

Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2011 - Senado Federal

Apresentação

Bertha Lutz (1894–1976) foi uma das pioneiras do feminismo no Brasil e é conhecida como uma grande líder na luta pelo direito de voto das mulheres brasileiras.

O Diploma Bertha Lutz, criado em 2001 pelo Senado Federal, tem por objetivo homenagear as mulheres por meio do reconhecimento do protagonismo das premiadas na luta pela transformação social e igualdade de gênero.

HOMENAGEADAS:

Carmen Helena Ferreira Foro

Carmen nasceu em 23 de fevereiro de 1966, na cidade de Moju, região de Tomé-Açu, nordeste do Pará. Aos 15 anos migrou para Igarapé-Miri, onde militou nas comunidades eclesiais de base e no Sindicato de Trabalhadores Rurais. Em 1990 conquistou o direito a sua própria filiação sindical.

No ano seguinte passou a presidir interinamente o sindicato por oito meses e assumiu a coordenação sindical da região Tocantina, com abrangência em oito municípios do Pará. Em 1996 chegou à direção da CUT estadual e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará, assumindo a recém-inaugurada Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais e a de Políticas Sociais. Em 2003 chegou à CUT nacional como voz autêntica do campo.

Em 2005 chegou à Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, com a missão de coordenar uma nação de mulheres do campo e da floresta. Em 2006 assumiu a vice-presidência da CUT e, mais uma vez cumprindo ciclos e avançando sempre, tornou-se a primeira mulher a presidir uma central de trabalhadores na história do Brasil. Atualmente é secretária de Mulheres da Contag.

Por meio da articulação política de Carmen, são beneficiadas milhares de mulheres.

Maria José Silva

Maria José nasceu em 27 de dezembro de 1955, no estado do Piauí, e foi criada no Maranhão. Teve sua infância marcada pela perseguição sofrida por seu pai na ditadura militar. Nos anos 1970, residiu temporariamente em São Paulo e depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde fixou residência.

Na década de 1980, trabalhou por oito anos na metalurgia como inspetora de qualidade de ensaios não destrutivos. Em 1995 Maria José mudou-se para um conjunto popular no complexo da Maré. Nesse período, ajudou a formar a Associação de Moradores do Conjunto Bento Ribeiro Dantas.

Com o apoio de mais 15 associações, estabeleceu parcerias com a prefeitura para a instalação da Vila Olímpica da Maré e para a implantação do projeto Gari Comunitário, que tinha como foco a implantação da coleta de lixo em comunidades carentes. Desde 2002 atua na área da coleta seletiva e reciclagem, com foco na inclusão social dos catadores de materiais recicláveis, sendo que 70% do público atendido pelos projetos de reciclagem é composto por mulheres.

Maria José fez parte de vários projetos de reciclagem, tais como: Reciclagem Solidária – Arquidiocese do Estado do Rio de Janeiro e Petrobras; Catação Rio – Instituto Baía de Guanabara e Petrobras; Fortalecimento do Associativismo e Cooperativismo dos Catadores de Materiais, entre outros.

Maria Ruth Barreto Cavalcante

Maria Ruth nasceu em 16 de abril de 1943, no estado do Ceará. É psicopedagoga, graduada na Escola de Pedagogia Social de Colônia, Alemanha, e tem uma longa lista de serviços prestados à educação. Buscou desenvolver seu trabalho numa perspectiva libertadora e voltada às classes mais necessitadas. Mesmo perseguida pela ditadura, continuou sua atividade onde lhe era possível manter sua convicção de que a educação era o caminho para libertação do povo brasileiro.

Aos 21 anos teve os seus primeiros contatos com a educação de jovens e adultos, por meio do Movimento de Educação de Base – MEB, que aplicava os fundamentos de Paulo Freire. O trabalho era realizado pelo rádio e acompanhado diretamente junto às comunidades rurais. Era uma forma avançada de fazer chegar a alfabetização aos pontos mais distantes do estado. Como vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará, em 1967, preparou grupos de estudantes universitários para trabalhar com alfabetização de adultos.

A repressão agiu rapidamente, alegando que preparar universitários para o processo de alfabetização, utilizando aquele método, não interessava à ditadura implantada no país. Foi presa quando ministrava aulas. Alegação do crime: ensinar um método de alfabetização que levava o cidadão a pensar, ler e escrever. Ruth foi a primeira mulher denominada “presa política” no estado do Ceará.

Chloris Casagrande Justen

Chloris, nascida em Curitiba em 15 de setembro de 1923, é pedagoga, com extensão universitária na Filadélfia (EUA). Em 1979 participou do Conselho Estadual de Educação do Paraná, onde ministrou projetos e treinamentos inovadores para professores de todo o estado.

A convite do Unicef, trabalhou em Roraima e organizou um congresso em Recife. Palestrante e escritora, participou da instalação dos oito primeiros conselhos tutelares em Curitiba. Suas experiências conduziram-na a se filiar à Soroptimista, uma organização não governamental, criada na Califórnia em 1921, composta por voluntárias que prestam serviços com o objetivo de melhorar as condições de vida das mulheres.
Filiada ao Soroptimismo Internacional das Américas, foi fundadora de vários clubes no Brasil. Ministrou palestras ao longo de vários anos e elaborou diversos projetos, todos voltados ao atendimento da mulher. No último congresso soroptimista realizado em Foz do Iguaçu (PR), que contou com a presença de lideranças internacionais, foi produzido o Manifesto da Tríplice Fronteira, objetivando coibir o tráfico e a exploração sexual infantojuvenil e da mulher.

Chloris elaborou ainda o Projeto de Promoção Trabalho e Renda, voltado para a capacitação profissional de mulheres de baixa renda. Autora de várias publicações, hoje, aos 87 anos, ela é vice-presidente da Academia Paranaense de Letras.

Maria Liége Santos Rocha

Maria Liége nasceu em 13 de outubro de 1944 e iniciou sua militância ainda estudante, na Bahia. Presa por motivação política, ficou clandestina por seis anos. Após 1976 organizou movimentos pela anistia, entre eles o 2º Congresso Nacional da Anistia, realizado em Salvador. Integrou a Comissão Pró-Organização do Movimento de Mulheres na Bahia, foi eleita presidente da União de Mulheres de Salvador e colaborou na criação da União Brasileira de Mulheres, sendo coordenadora nacional por duas gestões.

Em 1986 já morando em São Paulo, continuou a participar ativamente pela defesa dos direitos da mulher. Trabalhou no Conselho Estadual da Condição Feminina, atuando também como conselheira; participou da 5ª Conferência Mundial sobre a Mulher, na China; integrou a Coordenadoria Especial da Mulher e a comissão organizadora da Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras, em São Paulo; foi secretária executiva adjunta da Rede Nacional Feminista de Saúde; trabalhou na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres; integrou a Comissão Tripartite para a revisão eleitoral e também a delegação brasileira que participou da 54ª Sessão sobre a Questão da Mulher, na ONU.

Atualmente participa da Federação Democrática Internacional de Mulheres.

Ana Maria Pacheco de Vasconcelos
(in memoriam)

Ana Maria, nascida em 22 de agosto de 1944, pernambucana, advogada, poetisa e técnica em desenvolvimento urbano e rural, foi uma das fundadoras da primeira Casa de Passagem no Brasil, voltada para as meninas que viviam perambulando pelas ruas de Recife, sofrendo diversos tipos de violação dos direitos humanos.

Procurou tirar as meninas das ruas, da exploração sexual, das drogas e do trabalho infantil. Visitava à noite, na “zona do Recife”, as adolescentes expostas à Aids, realizando um trabalho preventivo. Seu pioneirismo, sua metodologia de trabalho social e os resultados obtidos tornaram-se matérias jornalísticas no país e no mundo. Conseguiu parceiros nacionais e internacionais que investiram no seu projeto social e ajudaram a transformar vidas.

Ana foi bolsista da fundação Ashoka (EUA), da Mac Arthur Foundation (EUA) e da Indra (Holanda) e realizou palestras em diversas partes do mundo. Ana, que faleceu em agosto de 2009, deixou um legado extraordinário ao seu povo (crianças, adolescentes, jovens e mulheres), tratado como sujeito de direitos, ator de sua própria história.

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