Na aurora, do dia 16 de janeiro, em seu quarto, na residência cedida pela Fazenda da Esperança, cercada de árvores, flores e pássaros, partiu para a casa do Pai, D. Reinaldo, primeiro bispo da Diocese de Coroatá, depois de mais de trinta e dois anos de serviço dedicado a esta Igreja.
A presença de quatro arcebispos, dom João Braz de Aviz, de Brasília, dom Alberto Taveira Corrêa, de Belém, dom José Belisário da Silva, de São Luis, e dom José Palmeira Lessa, de Aracaju e quase todos os bispos do Maranhão, do Vice Governador do Estado, Washington Luís Oliveira, de inúmeras autoridades civis, de seus familiares, dos presbíteros e religiosos (as) da Diocese e de milhares de pessoas que emocionadas se despediam do seu pastor no seu sepultamento, revelam um pouco da dimensão da pessoa e do trabalho deste bispo de nossa Igreja.
D. Reinaldo com seus colaboradores conseguiram formar uma Igreja inspirada nas orientações do Concilio Vaticano II, uma Igreja Povo de Deus, valorizando os leigos, os diversos ministérios, tendo sempre presente a eclesiologia de comunhão, onde foi possível desenvolver as Comunidades Eclesiais de Base, Cebs, segundo o espírito da Igreja Latino-americana e ao mesmo tempo os movimentos e novas comunidades eclesiais.
Graças ao seu empenho, a Diocese conseguiu formar quase a totalidade do seu clero, entre os quais um, foi eleito bispo, da vizinha Igreja de Brejo. O seu gosto pela vida monástica levou-o a acolher e a apoiar uma comunidade de monges beneditinos, sendo a única no estado. Ele sempre procurou valorizar a vida religiosa, trazendo para a diocese várias congregações que realizam com profetismo e generosidade o seu trabalho.
A sua preocupação em unir fé e vida, amor a Deus e ao próximo, evangelização e libertação integral fez com que, com ajuda dos parentes, amigos, benfeitores, e das Instituições eclesiásticas e sociais da Alemanha fossem construídas muitas obras no campo da educação, dos meios de comunicação social, formação e desenvolvimento agrário, saúde e na recuperação de tóxico-dependentes.
O seu testemunho de vida, especialmente no momento de sua doença, marcou profundamente o nosso povo. Sofrer, com o sorriso nos lábios. Sofrer com esperança e com sentido. Sofrer, preocupando-se com os outros, com a sua Igreja. Sofrer, consciente de que na sua dor completa a paixão de Cristo Jesus, para a salvação da humanidade. Sofrer, sempre rezando, fazendo da Palavra de Deus e da Eucaristia diária os dois alimentos principais da sua vida.
Agora o povo entendia muito melhor a mensagem que D. Reinaldo sempre pregou, de fidelidade até o fim.
D. Reinaldo está sepultado no jardim do claustro da Catedral que ele mesmo construiu. Está semeado para sempre no meio de nós. Sua vida produziu muitos frutos para a Igreja e para a humanidade. Neste número do Boletim Diocesano, queremos registrar algumas mensagens e testemunhos que confirmam a fecundidade de sua vida e ministério episcopal. A ele a nossa profunda gratidão. Agradeço ainda a todos que vieram participar nestes momentos marcantes de nossa Diocese e aqueles que colaboraram para que tudo acontecesse da melhor forma possível.
Agora, tenho a grande responsabilidade de continuar este trabalho. Espero poder contar com todos aqueles que fazem parte de nossa Igreja ou sempre tiveram cuidado e amor pelo nosso povo.
Da minha parte, recordo as palavras de Deus a Josué: “Assim como estive com Moisés, estarei contigo; não te deixarei nem te abandonarei. Coragem, sê valente para cumprir tudo o que te ordenou o meu servo Moisés” (Js.1, 5-6).
+ Sebastião Bandeira Coêlho
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