Sejamos comunicação, porque nascemos para isso da mesma boca de Deus.
Sejamos comunicação, porque a sua Palavra
se comunica em nossa própria carne.
Sejamos comunicação, porque fomos marcados
pelo próprio testemunho do seu Espírito.
Comuniquemo-nos, irmãos, comuniquemos.
Falemos a verdade, contra toda mentira.
Gritemos a Esperança, contra toda tristeza.
Façamos a mensagem suprema do Amor, contra todo egoismo.
Saibamos acalmar a gritaria
do próprio coração alvoroçado.
Saibamos senhorear os meios de comunicação,
porque os filhos do Senhor não podem ser escravos.
Ouçamos toda coisa,
ouçamos toda asa,
ouçamos todo passo.
Não podemos deixar-nos isolar, surdos ou mudos,
nem pelo medo, nem pelo lucro,
nem pela ordem dos dominadores.
Juntemos nossas bocas num grito de Justiça
por encima do mar dos vários mundos,
por encima dos montes das estruturas todas.
Fale o Povo pelo rádio,
fale o Povo pela imprensa,
fale o Povo na TV.
Fale o Povo a Verdade. A Verdade fale ao Povo. A Verdade.
Do alto dos telhados, no coração do mundo.
Em torno do tumulto que atordoa os humanos,
forcemos o espaço da humana Liberdade para a Notícia do Reino.
Gritemos o Evangelho.
Saibamos ser palavra transmissora da Palavra, verbos do Verbo,
que se encarna sempre
na vizinhança de Nazaré;
nas periferias de Belém;
às margens do lago da multidão faminta;
nas ruas da Cidade, onde gritam
o mercado, a festa e os clarins do império; diante do Sinédrio e do Pretório;
na cruz que eles carregam sobre os ombros do Servo Sofredor; na silenciada vida do sepulcro;
na vida vencedora da manhã do Domingo.
Se um dia não pudermos falar mais com palavras,
falemos com a vida em pé de testemunho.
Falemos com os olhosa os irmãos assombrados.
Oremos, sobretudo, aos ouvidos do Pai.
E talvez protestemos com a maior palavra
do sangue, proclamado como pregão de Páscoa.
Pedro Casaldáliga,
bispo de São F élix do Araguaia
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