domingo, 12 de dezembro de 2010

Haiti, quanta dor!




Depois do terremoto, epidemia de cólera atinge o Haiti

Enquanto isso, soldados da ONU reprimem protestos contra a ocupação

Hospitais lotados, crianças e bebês contaminados, centenas de pessoas agonizando nas ruas, mais de 450 mortes e mais de seis mil pessoas infectadas. Esse é a nova devastação pela qual passa o Haiti que enfrenta uma grave epidemia de cólera.

A situação é ainda mais terrível devido às condições precárias nas quais vivem milhões de haitianos após o terremoto de janeiro passado. Nas regiões afetadas, dezenas de crianças e adultos estão deitadas sobre as ruas ou sob barracas improvisadas. Na precária rede hospitalar do país, os pacientes se amontoam pelo chão. Muitos estão com baldes e soros em seus braços.

A epidemia já chegou à capital, Porto Príncipe onde mais de 1,5 milhão de pessoas estão morando nas ruas em precários acampamentos, sem saneamento básico e com acesso limitado a água potável.

Para piorar, a passagem do furacão Tomas pelo país, no último dia 5, deixou ao menos 20 mortos, 36 feridos e cerca de seis mil famílias desabrigadas. A região mais atingida foi o departamento de Grand'Anse, no sudeste do país. O furacão vai agravar o surto de cólera, principalmente por causa das fortes chuvas. O rio Artibonite, por exemplo, foco da doença, transbordou durante por causa das tempestades.

Mais uma tragédia anunciada

A epidemia de cólera mostra de forma dramática a situação na qual vivem os haitianos após o terremoto. Pouco ou nada foi reconstruído, e grande parte da população ainda vive sobre os escombros e nos acampamentos improvisados. Segundo a OMS, trata-se da primeira vez em um século que o Haiti sofre uma epidemia de cólera. Desde o terremoto havia o temor que uma epidemia atingisse o país, porém, nada foi feito.

Por outro lado, o surto de cólera no país também não foi explicado convincentemente. Recentemente a ONU disse que vai investigar se a doença foi trazida por soldados infectados que ocupam o país.

Soldados reprimem manifestantes

Enquanto isso, as tropas da ONU continuam reprimindo qualquer manifestação contra a ocupação. No dia 15 de outubro, soldados da Missão das Nações Unidas para Estabilizar Haiti (Minustah, na sigla em inglês) fizeram disparos para o ar agrediram manifestantes reunidos próximo da base das Nações Unidas no aeroporto de Porto Príncipe. O protesto era contra a renovação da missão. Um dia antes, o Conselho de Segurança da ONU já tinha renovado o mandato da Minustah

“Todo mundo correu em diversas direções. Houve enfrentamentos, e até as pequenas vendedoras ali sentadas tiveram que fugir, deixando no chão suas mercadorias. Um cinegrafista da Al Jazira recebeu golpes na cabeça, ferindo-se seriamente”, relata a Batay Ouvriye.

Muitos outros protestos contra a ocupação foram registrados no mês passado como parte de um calendário unifica de luta. Os protestos são organizados por organizações populares como a Batay Ouvriye, o Movimento Democrático Popular (Modep), a Plataforma de Empregados Despedidos das Empresas Públicas (Pevep), a Central Autônoma de Trabalhadores Haitianos (Cath), Antena Operária, o Comitê de Resistência de Duvivier (KRD), Cabeças Juntas de Organizações Populares e a Frente de Reflexão e Ação para o Alojamento Popular (Frakka).

Outros protestos também ocorreram em cidades Cap_Haitien, Plaisance e Limonade, segundo a Batay Ouvriye .

No último dia 15/11, ativistas da CSP-Conlutas realizaram um ato em solidariedade ao povo do Haiti, em frente ao prédio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. O protesto exigia a retire imediatamente as tropas brasileiras do Haiti, que estão a serviço de um plano imperialista para colonizar o país.

Fonte: LIT-QI

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