Milhares de pessoas - principalmente trabalhadores (as) agrícolas - já foram ou ainda são vítimas dos agrotóxicos. Para chamar atenção da sociedade e de autoridades sobre os riscos à saúde humana e os danos ambientais causados pelo uso dessa substância, celebra-se, hoje (3), o Dia Internacional pelo Não Uso de Agrotóxicos ou Praguicidas. Na América Latina, diversas organizações camponesas e ambientais realizaram atividades para marcar a data.
Além das mortes e intoxicações de trabalhadores agrícolas e consumidores, os agrotóxicos também atingem o meio ambiente. A contaminação de ar, terra e água gera desequilíbrios, como a infertilidade da terra e o desmatamento, e contribui para a mudança climática e a perda de biodiversidade.
O Dia Internacional pelo Não Uso de Agrotóxicos ou Praguicidas foi estabelecido por organizações integrantes da Rede de Ação em Praguicidas (PAN, por sua sigla em inglês) em memória às vítimas da tragédia ocorrida em 1984, em Bophal, Índia. A fuga de mais de 25 toneladas de um gás tóxico utilizado na fabricação de praguicidas pela transnacional Union Carbide resultou na morte de milhares de pessoas. Informações dão conta de que 8 mil faleceram somente na primeira semana.
Apesar de o caso ser conhecido mundialmente, esse não foi o único. Antes dele, em novembro de 1967, dezenas de crianças morreram em Chiquinquirá, na Colômbia, vítimas de uma intoxicação pelo consumo de pão contaminado com paratião. A mesma substância fez outras 24 vítimas em outubro de 1999 em Tauccamarca, no Peru.
No Chile, de acordo com informações da Aliança por uma Melhor Qualidade de Vida, foram registradas seis mortes e 379 notificações de intoxicações agudas por praguicidas até o mês de setembro deste ano. A organização lembra que 23% dos casos ocorridos no país foram causados pelas categorias 1a e 1b, consideradas mais as perigosas dos agrotóxicos e ainda liberadas no Chile.
Algumas contaminações por praguicidas também marcaram a Venezuela. Segundo artigo de Armando Barradas, diretor nacional de saúde vegetal do Ministério do Poder Popular para a Agricultura e Terras, em junho deste ano, o derramamento de gases tóxicos da Empresa Formuladora Chemical Pro, em Aragua, resultou na intoxicação de cerca de 220 pessoas. Entre 1990 e 2008, de acordo com ele, o Ministério do Poder Popular para a Saúde registrou 65.353 pacientes intoxicados pelos venenos.
Frente a isso, Barradas ressalta alguns avanços no país em relação aos agrotóxicos. De acordo com ele, 256 praguicidas já foram retirados do registro nacional, dos quais 48 não tiveram os registros renovados devido ao alto teor tóxico. "Atualmente a empresa Chemical Pro está fechada por abertura de expediente administrativo por parte de autoridades; o país conta com uma Rede Nacional de Laboratórios de Bioinsumos em 22 municípios que permitem a promoção de uma agricultura sustentável", acrescenta.
Atividades
O Dia Internacional pelo Não Uso de Agrotóxicos ou Praguicidas foi marcado por atividades de reflexão sobre o uso dessas substâncias em diversos países da América Latina. No Paraguai, as ações ficaram a cargo da Coordenadora Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas (Conamuri).
Além de uma Feira de Comidas a base de milho, a celebração da data contou com debates sobre: efeitos dos agrotóxicos nas comunidades rurais e indígenas paraguaias; legislação vigente sobre agrotóxicos e seu uso na produção nacional; contaminação da água por causa dos praguicidas; Lei do Milho; entre outros. As atividades aconteceram na Plaza de los Héroes, atrás do Panteón Nacional e contaram com a participação de autoridades e pesquisadores da temática.
Colombianos e colombianas também tiveram oportunidade de participar de ações no dia de hoje. Organizada pelo Conselho Seccional de Praguicidas de Antioquia (CSPA), a "Comemoração do Dia Mundial do Não Uso de Agrotóxicos" contou com atividades acadêmicas e de reflexão no auditório "Noberto Vélez Escobar", em Medellín.
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