sábado, 13 de novembro de 2010

Desafios da evangelização na mentalidade urbana

Seminário reflete desafios da evangelização na mentalidade urbana

O 2º Seminário Nacional da Pastoral Urbana, evento realizado no Centro Cultural de Brasília (CCB) pelo Instituto Nacional de Pastoral (INP) organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), terminou na tarde de sexta feira, 12.

“O encontro foi uma proposta do INP de levar à discussão os desafios de evangelização que a Igreja percebe na mudança de época que vivemos hoje”. A afirmação é do secretário executivo do INP, padre Antônio Silva da Paixão.
De acordo com ele, o encontro fez um apanhado dos lugares culturais que a Igreja precisa perceber, visualizar e se preparar para atuar. “Com o encontro os horizontes de atuação da Igreja ficaram mais claros e mais amplos. Foi o momento de nos darmos conta de que o campo de evangelização é maior do que o geográfico. Ele abrange espaços culturais, virtuais, educacionais. A Igreja deve conhecer esse chão para poder evangelizar”, destacou o secretário.

Durante os quatro dias de evento foram discutidos vários temas da complexidade urbana: territórios e desterritorialização, midiatização e mediatização, bem como da relação humana, como subjetividade e autonomia, novas formas de sociabilidade – exclusão. Esses painéis foram discutidos a partir de três enfoques: sócio analítico, teológico e pastoral.

Frei Luis Carlos, conferencista no Seminário e professor de teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), disse que o encontro despertou para a principal preocupação da Igreja hoje: “evangelizar para atingir o coração das pessoas” de forma que o interesse pelo o evangelho e pela pessoa de Jesus seja a maior riqueza das pessoas que se tornam discípulos e missionários.

“O desafio da Igreja é cuidar do coração do cristianismo, a partir da prática de fé, da solidariedade e da proximidade. Essa é a nossa nova condição de evangelização nesta época de mudanças que vivemos hoje”, sublinhou o religioso. Ele frisou que o papel dos meios de comunicação é essencial para o êxito da Pastoral Urbana. “A mídia não é um meio, um instrumento para a gente usar, apenas, ela é um novo ambiente onde nos realizamos, nos mostramos e aprendemos valores. É um instrumento de pluralismo que nos possibilita a inserção em vários ambientes onde está a sociedade. Se estamos fora da rede nos tornamos invisível”.

O teólogo padre Agenor Brighenti, que nesta sexta-feira fez sua intervenção no Seminário indicando metodologias para desencadear um processo de pastoral urbana, apontou o encontro como um “lembrete” à Igreja de que o novo modelo de sociedade que se confira exige presença mais intensa no território urbano. “O encontro desperta e ajuda a Igreja a desencadear processos de evangelização, no território urbano, nos moldes da cultura urbana atual, e as exigências se tornam maiores por isso. A Igreja deve marcar mais presença nos vários territórios onde está a pessoa humana”. Brighenti disse que “pensar a ação” e “agir na cidade” a partir dos quatro enfoques (território, subjetividade, midiatização, novas formas de sociabilidade) são os maiores desafios de evangelizar no meio urbano. “Devemos fazer da evangelização uma comunicação dentro das exigências de hoje se colocando à espera propositiva e dialogal, pensando em como agir dentro do mundo urbano”.

Para o membro da equipe de coordenação pastoral da arquidiocese de Manaus (AM) padre José Alcimar, a tão falada "mudança epocal" discutida no Seminário é o principal desafio de evangelização da Igreja hoje. A mudança, de acordo com ele, trouxe o desafio de formar discípulos comprometidos com a comunidade eclesial. "Cotinuamos com as Igrejas cheias, mas não com pessoas comprometidas com as comunidades e com a Igreja. Isso para nós é um alerta e significa que a evangelização está falha em algum ponto. Temos as pessoas, mas elas não se encantam o suficiente com Jesus Cristo e com a Igreja a ponto de tornarem-se discípulos e missionários. Com isso, corremos o risco de fazer da nossa Igreja um lugar onde as pessoas buscam apenas respostas imediatas sem que o mais profundo da pessoa humana seja tocado por Jesus".

Já o professor de Pastoral Urbana que veio de Maceió (AL) padre Adriano Sousa Santos, disse que os desafios vão além da evangelização nas cidades. “O seminário possibilitou lançarmos bases aos desafios da ação evangelizadora na cidade, mas mais do que isso, nos fez perceber que a evangelização deve alcançar a mentalidade urbana e seus desafios próprios. Os enfoques nos ajudaram a entender a arquitetura das cidades na sua complexidade”.

O leigo e secretário arquidiocesano de Pastoral da arquidiocese de Vitória da Conquista (BA), Luciano Lima, afirmou que o encontro o fez pensar sobre a mudança de mentalidade que toda a Igreja deve passar por causa da mudança de época. Ele fez sugestões para que a Evangelização alcance seus objetivos. “Como Igreja, somos chamados a repensar nossa atuação nas cidades e, para isso, temos que mudar a mentalidade. Devemos criar novos ministérios ou então reconfigurar os existentes para uma atuação urbana eficaz”.

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